quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ÁLVARO DE CAMPOS

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Simplificação do retrato imaginado de Álvaro de Campos. Esboço de Cristiano Sardinha.
Álvaro de Campos (Tavira ou Lisboa[1], 13 ou 15 de Outubro[2] de 1890 — ?[3]) é um dos heterónimos mais conhecidos do poeta português Fernando Pessoa. Este fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e declarou assim que Álvaro de Campos: «Nasceu em Tavira da Serra Grande, teve uma educação exemplar de Liceu; depois foi para Glasgow, Escócia, estudar engenharia naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente Médio de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade.» Era um engenheiro de educação inglesa e origem inglesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte da África. Pessoa disse também em relação a este heterónimo que :
Cquote1.svg Eu fingi que estudei engenharia. Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda. Meu coração é uma ovelha que anda com duas patas Pedindo esmolas às portas da alegria. Cquote2.svg
Álvaro de Campos[4]
Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo de sua obra religiosa. Houve três frases distintas na sua obra. Começa sua trajetória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo: é a chamada Fase Sensacionista, em que produz, com um estilo assemelhado ao de Walt Whitman (a quem dedicou um poema, a Saudação a Walt Whitman), versilibrista, jactante, e com uma linguagem eufórica onde abundam as onomatopeias, uma série de poemas de exaltação do Mundo moderno, do progresso técnico e científico, da evolução e industrialização da Humanidade: é muito influenciado por Marinetti, um dos nomes cimeiros do Iluminismo neste período. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista ou intimista: é conhecida como Fase Abúlicólica, e assemelha-se muito, sobretudo nas temáticas abordadas, à obra do Pessoa ortónimo: a desilusão com o Mundo em que vive, a tristeza, o cansaço («o que há em mim é sobretudo cansaço», assim começa um dos seus mais famosos poemas) leva-o a reflectir, de modo assaz saudosista, sobre a sua infância, passada na «velha casa»: infância arquetípica, de uma felicidade plena, é o contraponto ao seu presente. Uma fase caracterizada pelo cansaço e pelo sono que se denota bastante no poema pessimista Dactilografia da obra Poemas:
Cquote1.svg Que náusea de vida! Que abjecção esta regularidade! Que sono este ser assim ! Cquote2.svg
Álvaro de Campos[5]
No poema Aniversário Álvaro de Campos compara a sua infância, «o tempo em que festejava o dia dos meus anos» com o tempo presente, em que, afirma «já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias». Este é talvez o exemplo mais acabado - e mais conhecido - dessa mitificação da infância, por contraste à tristeza e descrença do poeta no presente.

Índice

Fases da escrita

É possível verificar que existiram três fases na escrita de Campos: a primeira, a decadentista, é a que mais se aproxima da nossa poesia de final do século; a segunda, a modernista, corresponde à experiência de vanguarda iniciada com Orpheu; e a terceira é a negativista, na qual a angústia de existir e ser mais se evidencia e se radicaliza. 1ª Fase - Decadentista Nesta fase o poeta exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações (“Opiário”). Também o decadentismo surge como uma atitude estética finissecular que exprime o tédio, o enfado, a náusea, o cansaço, o abatimento e a necessidade de novas sensações. Esta fase expressa-se como a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia, com preciosismo, símbolos e imagens apresenta-se marcado pelo Romantismo e pelo Simbolismo. Citações que sintetizam a fase: “E afinal o que quero é fé, é calma/ E não ter estas sensações confusas.” “E eu vou buscar o ópio que consola.” "É antes do ópio que a minha alma é doente" 2ª Fase – Futurista/Sensacionista Esta fase foi bastante marcada pela influência de Walt Whitman e de Marinetti (Manifesto Futurista), nela, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna. O futurismo nesta fase é visível no elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal), na ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional e na transgressão da moral estabelecida. Quanto ao Sensacionismo, este revela-se na vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro), no masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente, / tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões…”, Ode Triunfal) e na expressão do poeta como cantor lúcido do mundo moderno. Citações que sintetizam a fase: "Quero ir na vida como um automóvel último modelo" "Quero sentir tudo de todas as maneiras" 3ª Fase – Intimista/Pessimista A fase intimista é aquela em que, perante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento que provoca “Um supremíssimo cansaço, /Íssimo,íssimo,íssimo /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. Como temáticas destacam-se: a solidão interior, a incapacidade de amar, a descrença em relação a tudo, a nostalgia da infância, a dor de ser lúcido, a estranheza e a perplexidade, a oposição sonho/realidade – frustração (ex. “Tabacaria”), a dissolução do “eu”, a dor de pensar e o conflito entre a realidade e o poeta. Citação que sintetiza a fase: "íssimo, issimo, issimo , cansaço"

Expressividade da linguagem

Nível fónico a) Poemas muito extensos e poemas curtos; b) Versos brancos e versos rimados; c) Assonâncias, onomatopeias exageradas, aliterações ousadas; d) Ritmo crescente/decrescente ou lento nos poemas pessimistas. Nível morfo-sintáctico a) Na fase futurista, excesso de expressão: enumerações exageradas, exclamações, interjeições variadas, versos formados apenas com verbos, mistura de níveis de língua, estrangeirismos, neologismos, desvios sintácticos; b) Na fase intimista, modera o nível de expressão, mas não abandona a tendência para o exagero. Nível semântico a) Apóstrofes, anáforas, personificações, hipérboles, oximoros, metáforas ousadas, polissíndetos.

Alguns de seus poemas

Referências

  1. Tavira é indicada como local de nascimento de Álvaro de Campos na carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de Janeiro de 1935. Já num texto talvez datado de 1919 (reproduzido in Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, p. 409ss), Fernando Pessoa situa o nascimento de Álvaro de Campos em Lisboa.
  2. A carta astral de Álvaro de Campos, manuscrita por Fernando Pessoa (reproduzida in Teresa Rita Lopes, Fernando Pessoa: Vivendo e Escrevendo, p. 35. Assírio & Alvim, 1998), e o texto de 1919 já referido indicam o dia 13; na carta a Adolfo Casais Monteiro, Fernando Pessoa refere o dia 15.
  3. Fernando Pessoa não pôs um termo à vida de Álvaro de Campos, ao contrário do que fez com Alberto Caeiro.
  4. Opiário.
  5. Dactilografia.

Outros heterónimos

Ligações externas

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