quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CANUDOS - PRÉ-MODERNISMO

Canudos

Antonio Nóbrega

Composição: Antonio Nóbrega e Wilson Freire
Eu, viandante de um chão poento. Dias queimosos, vida sem idílio. Preces voltadas para sóis ardentes, Luares claros a buscar o auxílio. Para os meus olhos, confusão pasmosa, Batalha surda, secular martírio. Ai, desatino! Ai, meu penar! Ai, velho medo! sombra e malpassar! Vi mamelucos, pardos, vi cafusos. Rostos marcados: um santo sudário. Em bom conselho, bendegó, pontal, Vi conselheiro rezar solitário. E anunciando o inverno benfazejo, Em monte santo subiu para o calvário.
Os Sertões é um livro brasileiro, escrito por Euclides da Cunha e publicado em 1902.
Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte desta guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, e ao retornar escreveu um dos maiores livros já escritos por um brasileiro. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística. Pode ser entendido como um obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana. Mas não é errado lê-lo como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais.
mcbspf disse...
Estilo Caricatura de Euclides da Cunha feita por Raul Pederneiras (1903). Considerada uma obra pré-modernista, o estilo de Os sertões é conflituoso, angustiado, torturado. Dá a impressão de sofrimento e luta. O autor faz uso de muitas figuras de linguagem, às vezes omite as conjunções (assindetismo), outras repete-as reiteradamente (polissindetismo). Ocorre, com frequência, a mistura de termos de alta erudição tecno-científica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor.
mcbspf disse...
Determinismo racial Euclides da Cunha deixou claro em "Os Sertões" seu ponto de vista no que se refere ao racismo. Como a maioria dos de sua época, acreditava numa "raça superior", e em sua íntima relação com os de pele clara. Acreditava no embranquecimento dos brasileiros evitando a miscigenação com "raças inferiores", para que se pudesse manter uma certa "estabilidade", e assim, ter uma definição sistematizada da "raça brasileira". A obra foi concebida segundo o esquema rigoroso do determinismo de Taine, que via o homem como um produto de três fatores: meio ambiente, raça e momento histórico. As teses e os princípios científicos adotados pelo escritor envelheceram, achando-se na sua maioria desacreditados, atualmente. O determinismo considerava o mestiço brasileiro uma raça inferior, e Euclides da Cunha compartilha desta visão. Escreve, por exemplo: "Intentamos esboçar, palidamente embora, ante o olhar de futuros historiadores, os traços atuais mais expressivos das sub-raças sertanejas do Brasil. E fazemo-lo porque a sua instabilidade de complexos, aliada às vicissitudes históricas e deplorável situação mental em que jazem, as tornam talvez destinadas a próximo desaparecimento ante as exigências crescentes da civilização."[1]
mcbspf disse...
Contribuição às ciências sociais Como contribuição às ciências sociais, encontra-se nesta obra de Euclides da Cunha a separação da nação brasileira entre os povos litorâneos e os interioranos. A compreensão de cada uma dessas partes permitiria a compreensão do país como um todo, uma vez que se tinha nas cidades litorâneas polos de desenvolvimento político e econômico e no interior do país condições de atraso econômico que subjugavam suas populações à fome e à miserabilidade. No entanto, ao analisar os fatos ocorridos em Canudos, o autor refuta a noção de que no litoral se encontrariam condições de avanço civilizatório em oposição ao interior. Pelo contrário, aponta que tanto os litorâneos quanto os interioranos, cada qual em suas especificidades, se encontrariam em um estádio bárbaro de sociedade, bastava atentar para a crueldade com que se reprimiu o movimento de Antônio Conselheiro. Além do que, tanto uns quanto os outros eram dados ao fanatismo, fosse pela República de Floriano Peixoto, fosse pela religiosidade de Conselheiro. Esta sua noção de estádios bárbaros e civilizados de sociedade estão em consonância a seu pensamento evolucionista spenceriano. Também se alinha com isso sua metodologia em compreender as singularidades de cada elemento separadamente para, enfim, compreender o todo. No caso, buscou compreender as populações litorâneas e as interioranas como elementos do Brasil como um todo. "Os Sertões é uma obra de arte literária que aborda o avesso da modernização capitalista". Walnice Nogueira Galvão.
mcbspf disse...
Conteúdo/partes do livro O livro divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta. [editar] A terra Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Registrou, ainda, que as grandes secas do Nordeste brasileiro obedecem a um ciclo de nove a doze anos, desde o século XVIII, numa ordem cabalística. [editar] O homem O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura). O autor faz uma análise da psicologia do sertanejo e de seus costumes. [editar] A luta Ver artigo principal: Guerra de Canudos Fala sobre o que foi a Guerra de Canudos e explica com riqueza de detalhes os fatos dessa guerra que dizimou a população de Canudos.
mcbspf disse...
Na Cultura Popular O poeta e compositor Edeor de Paula escreveu um samba chamado "Os Sertões", como síntese poética do livro e homenagem a Euclides da Cunha.[2]
mcbspf disse...
Referências 1. ↑ CUNHA, Euclides da. Os Sertões, Campanha de Canudos. 2. ↑ Os Sertões, samba de enredo. [editar] Bibliografia * REZENDE, Maria José de. Os sertões e os (des)caminhos da mudança social no Brasil. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 201-226, nov. de 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Seguidores