quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Romance de Riobaldo e Diadorim - Antonio Nóbrega

Quando eu vi aqueles olhos, Verdes como nenhum pasto, Cortantes palhas de cana, De lembrá-los não me gasto. Desejei não fossem embora, E deles nunca me afasto. Vivemos a desventura De um mal de amor oculto, Que cresceu dentro de nós Como sombra, feito um vulto. Que não conheceu afago, Só guerra, fogo e insulto. Na noite-grande-fatal, O meu amor encantou-se. Desnudo corpo inteiro Desencantado mostrou-se. E o que era um segredo, Sem mais nada revelou-se. Sob as roupas de jagunço, Corpo de mulher eu via. A deus, já dada, sem vida, O vau da minha alegria. Diadorim, diadorim... Minha incontida sangria.

Diadorim e Riobaldo (personagens)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Riobaldo e Diadorim são personagens do livro Grande Sertão: Veredas(1956), do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967). Riobaldo, ou Taturana, Urutu-Branco é o narrador-protagonista do romance. Morador às margens do São Francisco, conta sua trajetória de vida com acentos e jeitos sertanejos – uma inusitada invenção de linguagem, a um interlocutor que nunca se pronuncia, a quem ele chama “Senhor” ou “Moço”. Em sua narrativa, intérprete dos segredos das veredas, Riobaldo tece a história de sua vida – um discurso de descoberta e autoconhecimento: revelando o sertão-mundo, revela-se a si próprio, como se dissesse “o sertão sou eu” para reconhecer-se. Nessa perigosa travessia, Riobaldo confronta as forças do bem e do mal, retoma, num fluxo de memória, o fio de sua vida e narra as grandes lutas dos bandos de jagunços, descreve os feitos e características de diversos personagens, revelando os códigos de honra e de procedimentos do sertão. Ex-jagunço de um bando dos “sertões das gerais” (sul da Bahia, norte de Minas Gerais e norte e nordeste de Goiás), Riobaldo assume a liderança do bando com a morte de Joca Ramiro, seu chefe, assassinato por Hermógenes, líder de um grupo rival. Riobaldo tenciona vingar a morte de Joca Ramiro, para ele uma questão de honra. Nessa intenção tenta um pacto com o demônio, para obter proteção e força na vida de jagunço. Uma das angústias de Riobaldo era sobre a existência do “Diabo”, e se verdadeira a sua condição de pactuário. Ao final da narrativa está certo que não: “Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano.” No meio de sua travessia, surge a enigmática amizade e afeição por um companheiro de pelejas, com quem dialogava todo o tempo. Ficam amigos e confidentes. Diadorim é Reinaldo, filho do grande chefe Joca Ramiro, traído por Hermógenes. Diadorim era sério, “não se fornecia com mulher nenhuma”. Destemido, calado, de feições finas e delicadas, impressionava Riobaldo e exercia sobre ele grande fascínio: “Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego”. Diadorim tinha como objetivo vingar a morte do pai e consegue, após muitas lutas e andanças. Em sangrento duelo, mata Hermógenes, mas é ferido mortalmente. Ao receber a notícia da morte do amigo, Riobaldo é tomado por dor intensa e, em desespero, estarrecido, exclama: “Meu amor”, diante do corpo desnudo a revelar o grande segredo do companheiro. Após o trágico fim de Diadorim, Riobaldo desiste da vida de jagunço e adota um comportamento de devoção espiritual, orientado pelo seu compadre Quelemém. Casa-se com Otacília e torna-se proprietário, ao receber duas fazendas de herança.

Referências

Mestres da Literatura "Entrevista da professora Marli Fantini, estudiosa de Grande Sertão: Veredas"

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