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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Castro Alves O POETA DOS ESCRAVOS - TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA


Navio Negreiro
Castro Alves
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo — o mar em cima — o firmamento... E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! Que música suave ao longe soa! Meu Deus! como é sublime um canto ardente Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia... ..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
II
Que importa do nauta o berço, Donde é filho, qual seu lar? Ama a cadência do verso Que lhe ensina o velho mar! Cantai! que a morte é divina! Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz. Presa ao mastro da mezena Saudosa bandeira acena As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor, Lembram as moças morenas, As andaluzas em flor! Da Itália o filho indolente Canta Veneza dormente, — Terra de amor e traição, Ou do golfo no regaço Relembra os versos de Tasso, Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio, Que ao nascer no mar se achou, (Porque a Inglaterra é um navio, Que Deus na Mancha ancorou), Rijo entoa pátrias glórias, Lembrando, orgulhoso, histórias De Nelson e de Aboukir.. . O Francês — predestinado — Canta os louros do passado E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos, Que a vaga jônia criou, Belos piratas morenos Do mar que Ulisses cortou, Homens que Fídias talhara, Vão cantando em noite clara Versos que Homero gemeu ... Nautas de todas as plagas, Vós sabeis achar nas vagas As melodias do céu! ...
III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano Como o teu mergulhar no brigue voador! Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual um sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!...
V
Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus ... ... Adeus, ó choça do monte, ... Adeus, palmeiras da fonte!... ... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente — Férrea, lúgubre serpente — Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...
VI
Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Castro Alves Academia Brasileira de Letras
Nome completo Antônio Frederico de Castro Alves
Nascimento 14 de março de 1847 [1] Fazenda Cabaceiras, próxima a Curralhinho, atual Castro Alves[1]
Morte 6 de julho de 1871 (24 anos)[1] Salvador[1]
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Poeta
Escola/tradição Romantismo
Antônio Frederico de Castro Alves (Curralinho, 14 de março de 1847Salvador, 6 de julho de 1871) foi um poeta brasileiro.[1]
Nasceu na fazenda Cabaceiras,[1] a sete léguas (42 km) da vila de Nossa Senhora da Conceição de "Curralinho", hoje Castro Alves, no estado da Bahia.
Suas poesias mais conhecidas são marcadas pelo combate à escravidão, motivo pelo qual é conhecido como "Poeta dos Escravos". Foi o nosso mais inspirado poeta condoreiro.

Índice

[esconder]

[editar] Alguns dados biográficos

Era filho de Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro.[1] Sua mãe faleceu em 1859.[1] No colégio, no lar por seu pai, iria encontrar uma atmosfera literária, produzida pelos oiteiros, ou saraus, festas de arte, música, poesia, declamação de versos. Aos 17 anos fez as primeiras poesias.
O pai se casou por segunda vez em 24 de janeiro de 1862 com a viúva Maria Rosário Guimarães.[1] No dia seguinte ao do casamento, o poeta e seu irmão Antônio José partiram para o Recife, enquanto o pai se mudava para o solar do Sodré.
Em maio de 1863, submeteu-se à prova de admissão para o ingresso na Faculdade de Direito do Recife sendo reprovado.[1] Mas seria em Recife tribuno e poeta sempre requisitado nas sessões públicas da Faculdade, nas sociedades estudantis, na plateia dos teatros, incitado desde logo pelos aplausos e ovações, que começava a receber e ia num crescendo de apoteose. Era um belo rapaz, de porte esbelto, tez pálida, grandes olhos vivos, negra e basta cabeleira, voz possante, dons e maneiras que impressionavam a multidão, impondo-se à admiração dos homens e arrebatando paixões às mulheres. Ocorrem então os primeiros romances, que nos fez sentir em seus versos, os mais belos poemas líricos do Brasil.
Em 1863 a atriz portuguesa Eugénia Câmara se apresentou no Teatro Santa Isabel.[1] Influência decisiva em sua vida exerceria a atriz, vinda ao Brasil com Furtado Coelho. No dia 17 de maio, Castro Alves publicou no primeiro número de A Primavera seu primeiro poema contra a escravidão: A canção do africano. A tuberculose se manifestou e em 1863 teve uma primeira hemoptise.
Em 1864 seu irmão José Antônio,[1] que sofria de distúrbios mentais desde a morte de sua mãe,[carece de fontes] suicidou-se em Curralinho.[1] Ele enfim consegue matricular-se na Faculdade de Direito do Recife e em outubro viaja para a Bahia. Só retornaria ao Recife em 18 de março de 1865, acompanhado por Fagundes Varela.[1] A 10 de agosto, recitou O Sábio na Faculdade de Direito e se ligou a uma moça desconhecida, Idalina. Alistou-se a 19 de agosto no Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai.[1] Em 16 de dezembro, voltou com Fagundes Varela a Salvador. Seu pai morreu no ano seguinte, a 23 de janeiro de 1866. Castro Alves voltou ao Recife, matriculando-se no segundo ano da faculdade. Nessa ocasião, fundou com Rui Barbosa e outros amigos uma sociedade abolicionista.
Em 1866, tornou-se amante de Eugénia Câmara.[1]
Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas grandes causas: uma, social e moral, a da abolição da escravatura; outra, a república, aspiração política dos liberais mais exaltados. Data de 1866 o término de seu drama Gonzaga ou a Revolução de Minas, representado na Bahia e depois em São Paulo, no qual conseguiu consagrar as duas grandes causas de sua vocação. No dia 29 de maio, resolveu partir para Salvador, acompanhado de Eugênia. Na estreia de Gonzaga, dia 7 de setembro, no Teatro São João, foi coroado e conduzido em triunfo.

[editar] No Rio de Janeiro e em São Paulo

Em janeiro de 1868, embarcou com Eugênia Câmara para o Rio de Janeiro, sendo recebido por José de Alencar e visitado por Machado de Assis.[1] A imprensa publica troca de cartas entre ambos, com grandes elogios ao poeta. Em março, viajou com Eugênia para São Paulo. Decidira ali - na Faculdade de Direito de São Paulo - continuar seus estudos, e se matriculou no terceiro ano.
Continuou principalmente a produção intensa dos seus poemas líricos e heroicos, publicados nos jornais ou recitados nas festas literárias, que produziam a maior e mais ruidosa impressão; tinha 21 anos, e uma nomeada incomparável na sua geração, que deu entretanto os mais formosos talentos e capacidades literárias e políticas do Brasil; basta lembrar os nomes de Fagundes Varela, Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Afonso Pena, Rodrigues Alves, Bias Fortes, Martim Cabral, Salvador de Mendonça, e tantos outros, que lhe assistiram aos triunfos e não lhe disputaram a primazia. É que ele, na linguagem divina que é a poesia, lhes dizia a magnificência de versos que até então ninguém dissera, numa voz que nunca se ouvira, como afirmou Constâncio Alves. Possuía uma voz dessas que fazem pensar no glorioso arauto de Agamenon, imortalizado por Homero, Taltibios, semelhante aos deuses pela voz…, como disse Rui Barbosa. Pregava o advento de uma "era nova", segundo Euclides da Cunha.
A 7 de setembro de 1868, fez a apresentação pública de Tragédia no mar, que depois ganharia o nome de O Navio Negreiro. No dia 25 de outubro, foi reapresentada sua peça Gonzaga no Teatro São José.
Desfaz-se em 28 de agosto de 1868 sua ligação com Eugênia Câmara. Castro Alves foi aprovado nos exames da faculdade de Direito e a 11 de novembro - tragédia de grandes consequências - se feriu no pé, durante uma caçada. Tuberculoso, aventara uma estadia na cidade de Caetité, onde moravam seus tios e morrera o avô materno (o Major Silva Castro, herói da Independência da Bahia), dois grandes amigos (Otaviano Xavier Cotrim e Plínio de Lima), de clima salutar. Mas, antes disso, ainda em São Paulo, na tarde de 11 de novembro, resolveu realizar uma caçada na várzea do Brás e feriu o pé com um tiro. Disso resultou longa enfermidade, cirurgias, chegando ao Rio de Janeiro no começo de 1869, para salvar a vida, mas com o martírio de uma amputação. Os cirurgiões e professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Andrade Pertence e Mateus de Andrade, amputaram seu membro inferior esquerdo sem qualquer anestesia.[2]
Em março de 1869, matriculou-se no quarto ano do curso jurídico, mas a 20 de maio, tendo piorado seu estado, decidiu viajar para o Rio de Janeiro, onde seu pé foi amputado em junho. No dia 31 de outubro, assistiu a uma representação de Eugénia Câmara, no Teatro Fênix Dramática. Ali a viu por última vez, pois a 25 de novembro decidiu partir para Salvador. Mutilado, estava obrigado a procurar o consolo da família e os bons ares do sertão.

[editar] O retorno à Bahia

Em fevereiro de 1870 seguiu para Curralinho para melhorar a tuberculose que se agravara, viveu na fazenda Santa Isabel, em Itaberaba. Em setembro, voltou para Salvador. Ainda leria, em outubro, A cachoeira de Paulo Afonso para um grupo de amigos, e lançou Espumas flutuantes. Mas pouco durou.
Sua última aparição em púbico foi em 10 de fevereiro de 1871 numa récita beneficente. Morreu às três e meia da tarde, no solar da família no Sodré, Salvador, Bahia, em 6 de julho de 1871.
Seus escritos póstumos incluem apenas um volume de versos: A Cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883) e, mais tarde, Hinos do Equador (1921).
É patrono da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras.

[editar] Obras

Poesia
Teatro

[editar] Homenagem

O trabalho de resgate e preservação de suas obras foi fruto da dedicação do antigo colega e amigo Ruy Barbosa e fruto da campanha abolicionista, que tomou corpo a partir de 1881. Posteriormente, Afrânio Peixoto, ex-presidente da Academia, reuniu em dois volumes toda a produção do poeta, bem como escritos diversos (sob os títulos de "Relíquias" e "Correspondência").
Em 1947 o Instituto Nacional do Livro, do Ministério da Educação e Cultura, comemorou o centenário do nascimento do poeta com uma grande exposição, da qual resultou um livro comemorativo, trazendo importantes documentos que fizeram parte do evento.
O aspecto social da poesia de Castro Alves, em poemas como "O Navio Negreiro" e "Vozes d'África", ambos publicados no livro Os Escravos, foi um dos motivos principais para a sua popularização. Nesse sentido, autores como Mário de Andrade, no modernismo, dedicaram-lhe inúmeros ensaios.

[editar] Na literatura latino-americana

Numa das obras mais belas da literatura de nosso continente, "Canto Geral", do poeta chileno Pablo Neruda, é dedicado um poema a Castro Alves. O poeta condoreiro é lembrado por Neruda como aquele que, ao mesmo tempo em que cantou às flores, às águas, à formosura da mulher amada, fez com que sua voz batesse "em portas até então fechadas para que, combatendo, a liberdade entrasse". Portanto, termina o poeta chileno, "tua voz uniu-se à eterna e alta voz dos homens. Cantaste bem. Cantaste como se deve cantar". Como dá para perceber, Neruda reverencia Castro Alves por ter cantado àqueles que não tinham voz: os escravos. O poema chama-se "Castro Alves do Brasil".

[editar] Edições

A Cachoeira de Paulo-Affonso: poema original brazilero, Bahia, Imprensa Econômica, 1876, 1a edição. Canto da esperança, poesia social, libertária e lírica, seleção, introdução e notas de Hildon Rocha, Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1990.
Castro Alves: poesias escolhidas, edição comemorativa do centenário do nascimento do poeta, seleção, prefácio e notas de Homero Pires, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1947.
Correspondência e crítica, prefácio e coordenação de Alfredo Mariano de Oliveira, inclui "Traços biográficos" por Alfredo Mariano de Oliveira, "Elogio de Castro Alves", transcrição do texto de 1881 de Rui Barbosa, "Paixão e glória de Castro Alves" por Afrânio Peixoto, "Castro Alves" por Luiz Guimarães Júnior, "No decenário de Castro Alves" soneto de Raimundo Correia, "Um túmulo para Castro Alves" por Alípio Bandeira, além de correspondência do poeta, Editado por H. Antunes e C., Rio de Janeiro, 1920.
Espumas flutuantes, edição fac-similar de centenário (1870-1970), Bahia, Edições GRD da cidade de Salvador, em convênio com o Instituto Nacional do Livro, 1970.
Espumas flutuantes e Os Escravos, introdução, organização e fixação de texto por Luiz Dantas e Pablo Simpson, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2000.
Obra completa, organização, fixação do texto, cronologia, notas e estudo crítico por Eugênio Gomes, inclui "Vida efêmera e ardente de Castro Alves" por Afrânio Peixoto e "Diálogo epistolar" entre José de Alencar e Machado de Assis, Editora José de Aguilar ltda., Rio de Janeiro, 1960, 1a edição.
Obras completas de Castro Alves, organização, introdução e notas por Afrânio Peixoto, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1921, 1a edição.
Poesias completas, texto organizado por Jamil Almansur Haddad, 2a edição, São Paulo, Companhia editora nacional, 1955.
Poemas de amor, introdução, seleção e notas de Jamil Almansur Haddad, Biblioteca Universal Popular, S. A., Rio de Janeiro, 1963.

[editar] Bibliografia crítica

  • ALMEIDA, Norlandio Meirelles. "Cronologia de Castro Alves", Editora D.Pedro II, Guarulhos, 1960.
BARBOSA, Rui. Decenário de Castro Alves, elogio do poeta pelo Dr. Rui Barbosa, seguido de um escrito do mesmo autor pelos escravos às mães de família, Mandado imprimir pela comissão do decenário, Bahia, Typografia do "Diário da Bahia", 1881.
  • BOAVENTURA, Edivaldo. Estudos sobre Castro Alves, Edfba, Egba, Salvador, 1996.
  • BOSI, Alfredo. "Sob o signo de Cam" in Dialética da colonização, Companhia das Letras, São Paulo, 1992.
  • BUENO, Alexei. "Herdeiro do entusiasmo", in Caderno Mais, Folha de São Paulo, 16 de Março de 1997.
  • CANDIDO, Antonio. "Navio Negreiro" in Recortes, Companhia das Letras, São Paulo, 1993.
  • CARNEIRO, Altamirando. Castro Alves e o espiritismo, Edições Feesp, São Paulo, 1993.
  • CARNEIRO, Edison. Castro Alves: uma interpretação política, segunda edição revista, Andes, Rio de Janeiro, 1958.
  • COSTA, Othon. Reflexos culturais e sociais de Castro Alves, GB, Rio de Janeiro, 1973.
  • CUNHA, Euclides da. Castro Alves e seu tempo, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1907.
  • DANTAS, Mercedes. O Nacionalismo de Castro Alves, Editora A Noite, Rio de Janeiro, 1941.
  • FELINTO, Marilene. "O eterno ABC de Castro Alves", in Caderno Mais, Folha de São Paulo, 16 de Março de 1997.
  • FIGUEIREDO, Maria do Carmo Lanna. "Rondó de Castro Alves em autores modernistas", in Scripta literatura, revista do programa de pós-graduação em Letras e do Cespuc, Puc-Minas, Belo Horizonte, vol. 1, n. 2, 1o semestre de 1998.
  • GOMES, Eugênio. "Castro Alves e o sertão" e "As imagens do movimento em Castro Alves" in Prata da casa: ensaios de literatura brasileira, Editora A Noite, Rio de Janeiro, s/d.
  • _______. Castro Alves: poesia, Agir, Rio de Janeiro, 1972, 4a edição.
  • GONÇALVES, Virgínia Maria. "Castro Alves, África literária e discurso libertário", in Signum: estudos literários, revista do curso de mestrado em Letras, Centro de Letras e Ciências Humanas, Londrina, n. 1, 1998.
  • HADDAD, Jamil Almansur. Revisão de Castro Alves, 3 volumes, Editora Saraiva, São Paulo, 1953.
_______. "A erótica de Castro Alves" in Alves, Castro. Poemas de Amor, introdução, seleção e notas de Jamil Almansur Haddad, Biblioteca Universal Popular, S. A., Rio de Janeiro, 1963.
  • HANSEN, João Adolfo. "Castro Alves e o borbulhar do gênio", in "Caderno de Sábado", Jornal da Tarde, São Paulo, 8 de Março de 1997.
  • HILL, Telênia. Castro Alves e poema lírico, Editora Tempo brasileiro, Brasília, INL, 1978.
  • HORCH, Hans Jürgen. Bibliografia de Castro Alves, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1960.
  • IVO, Lêdo. "Travessia de Castro Alves", in A República da desilusão (ensaios), Topbooks, Rio de Janeiro, 1994.
  • _____. Prefácio para Os Melhores poemas de Castro Alves, Global editora, São Paulo, 1983.
JACQUES, Paulino. "A estética de Castro Alves" separata da Revista da Academia carioca de letras. no.3 junho de 1977.
  • LAJOLO, Marisa e CAMPEDELLI, Samira. Castro Alves: literatura comentada, seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios, Abril Cultural, São Paulo, 1980.
  • LIMA, Alceu Amoroso. "O maior poeta", in Estudos literários, Edição organizada por Afrânio Coutinho com assistência do autor, Companhia Aguilar Editora, Rio de Janeiro, 1966.
  • MACHADO, Germano. A Filosofia na poética Castroalvina, Editora Cepa, Salvador.
  • MATOS, Edilene. " Castro Alves: A sedução da voz, o verso", in Jornal A Tarde, 15 de Março de 1997.
  • _______. "Bilhete em papel rosa: ao meu amado secreto, Castro Alves", in Scripta literatura, revista do programa de pós-graduação em Letras e do Cespuc, Puc-Minas, Belo Horizonte, vol. 1, n. 2, 1o semestre de 1998.
  • NABUCO, Joaquim. Castro Alves: artigos publicados na Reforma, Typ. da Reforma, Rio de Janeiro, 1873.
  • NETTO, Adriano Bitmães. "Castro Alves e a construção do ‘Quinto império’ brasileiro: República imaginária, Nação literária", in Scripta literatura, revista do programa de pós-graduação em Letras e do Cespuc, Puc-Minas, Belo Horizonte, vol. 1, n. 2, 1o semestre de 1998.
  • NUNES, Cassiano. Castro Alves ante a poesia do nosso tempo, Thesaurus, Brasília, 1985.
  • PÁDUA, Antônio de. Aspectos estilísticos da poesia de Castro Alves, Livraria São José, Rio de Janeiro, 1972.
  • PIRES, Homero. Prefácio de Castro Alves: poesias escolhidas, edição comemorativa do centenário de nascimento do poeta, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1947.
  • PROENÇA, Manuel Cavalcanti. "O cantador Castro Alves", in Augusto dos Anjos e outros ensaios, Livraria José Olímpio, Rio de Janeiro, 1959.
  • RIBEIRO, Luís do Prado. Tríptico de Castro Alves, amor, lirismo, liberdade, Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1952.
  • RIBEIRO, Oliveira Neto. Prefácio da edição de Os Escravos de Castro Alves. Rio de Janeiro: Livraria Martins Editora, s/d.
  • SCHLAFMAN, Léo. "O poeta dos oprimidos", in Caderno Idéias, Jornal do Brasil, 7 de Março de 1997.
  • __________. "Romântico e libertário", in Caderno Idéias, Jornal do Brasil, 7 de Março de 1997.
SENNA, Marta de. Uma Poética flutuante: ensaio sobre Castro Alves, Lidador, 1980.
  • ______. "A poética romântica de Castro Alves", in Scripta literatura, revista do programa de pós-graduação em Letras e do Cespuc, Puc-Minas, Belo Horizonte, vol. 1, n. 2, 1o semestre de 1998.
  • SILVA, Domingos Carvalho da. A Presenca do Condor: estudo sobre a caracterizacão do condoreirismo na poesia de Castro Alves, Clube de poesia de Brasília, Brasília, 1974.
  • SIMPSON, Pablo. Os sentidos da depuração na poesia de Castro Alves, tese de mestrado, IEL - Unicamp, 2000. (on-line [1])
  • TOLMAN, Jon M. "Castro Alves, poeta amoroso" in Revista do Ieb, São Paulo, n. 17, 1975.
  • VEIGA, Cláudio. Prosadores e poetas na Bahia, Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1986

[editar] Algumas biografias

  • AMADO, Jorge. ABC de Castro Alves: louvações, São Paulo, Livraria Martins Editora, 1941.
  • AZEVEDO, Vicente de Paulo Vicente de. O Poeta da liberdade, São Paulo, Clube do Livro, 1971.
  • BARROS, Frederico Pessoa de. Poesia e vida de Castro Alves, Editora das Américas, São Paulo, 1962.
  • CALMON, Pedro. A Vida de Castro Alves, Livraria José Olympio, Rio de Janeiro, 1961.
  • CAMPOS, Mário Mendes. Castro Alves: glória e via-sacra do gênio, Belo Horizonte, 1973.
  • CARVALHO, João de. O Cantor dos escravos: Castro Alves, Instituto Nacional do Livro, T. A. Queiroz, Brasília, 1989.
  • CORREIA, Jonas de Moraes. Sentido heróico da poesia de Castro Alves, Biblioteca do Exército, Rio de Janeiro, 1971.
  • FERREIRA, H. Lopes Rodrigues. Castro Alves, Editora Pongetti, Rio de Janeiro, s/d.
  • GUARNIERI, Gianfrancesco. Castro Alves pede passagem, Palco+Platéia, São Paulo, 1971.
  • GUIMARÃES, João. Castro Alves, Melhoramentos, São Paulo, s/d.
  • MATTOS, Waldemar de. Bahia de Castro Alves, Instituto Progresso Editorial S.A., São Paulo, 1948, 2a edição.
  • MASCARENHAS, Maria da Graça (coordenação editorial). Castro Alves, Odebrecht, Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasília, D.F., 1997.
  • PEIXOTO, Afrânio. Castro Alves: o poeta e o poema, Ailland & Bertrand, Paris, 1922.
  • PRINA, Carlo. Castro Alves, as mulheres e a música, Livraria Martins Editora, São Paulo, 1960.
  • SILVA, Joaquim Carvalho da. "Castro Alves: uma revisão histórico-literária", in Signum: estudos literários, revista do curso de mestrado em Letras, Centro de Letras e Ciências Humanas, Londrina, n. 1, 1998.
  • TAVARES JÚNIOR, Luis et alli. Castro Alves: o poeta e o tempo, Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará, 1971.

[editar] Laurel wreath.svgAcademia Brasileira de Letras

Tendo participado de Associações abolicionistas, junto a outros tantos colegas das Faculdades de Direito no Recife e em São Paulo, Castro Alves fez-se colega, amigo e conhecido de vários literatos que, no futuro, vieram a tornar-se expoentes de nossas letras.
Um destes colegas - e o principal responsável pela preservação de seu material inédito e documentação, foi justamente um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Ruy Barbosa.
Reconhecendo-lhe o talento e importância, a Academia nominou a sua cadeira 7 em homenagem ao Poeta dos Escravos, o "condoreiro" Castro Alves.

[editar] Representações na cultura

Castro Alves já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Paulo Maurício no filme Vendaval Maravilhoso (1949) e Bruno Garcia no filme Castro Alves - Retrato Falado do Poeta (1999).

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q Castro Alves, Cronologia, site www.projetomemoria.art.br
  2. Sérgio Buarque de Holanda. O Brasil Monárquico. [S.l.]: DIFEL (BRASIL), 1985. 498 p.

[editar] Ligações externas

Precedido por Lorbeerkranz.png ABL - patrono da cadeira 7 Sucedido por Valentim Magalhães (fundador)
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