quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ALBERTO CAEIRO

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Simplificação do retrato imaginado de Alberto Caeiro. Esboço de Cristiano Sardinha.
Alberto Caeiro da Silva[1] (Lisboa, 16 de Abril de 1889[2] ou Agosto de 1887[3]Junho de 1915[4]) foi uma personagem ficcional (heterónimo) criada por Fernando Pessoa, sendo considerado o Mestre Ingénuo dos restantes heterónimos (Álvaro de Campos e Ricardo Reis) e do seu próprio autor, apesar de apenas ter feito a instrução primária.
Foi um poeta ligado à natureza, que despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão ("pensar é estar doente dos olhos"). Proclama-se assim um anti-metafísico. Afirma que, ao pensar, entramos num mundo complexo e problemático onde tudo é incerto e obscuro. À superfície é fácil reconhecê-lo pela sua objetividade visual, que faz lembrar Cesário Verde, citado muitas vezes nos poemas de Caeiro por seu interesse pela natureza, pelo verso livre e pela linguagem simples e familiar. Apresenta-se como um simples "guardador de rebanhos" que só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade. É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realidade.

Índice

Biografia


Pintura de Silva Porto
Segundo a cronologia mais divulgada, nasceu em 16 de Abril de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até a 4º classe. Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915, quando contava apenas vinte e seis anos.[5]

Fisionomia

Cquote1.svg Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. [...] Cara rapada [...] louro sem cor, olhos azuis. Cquote2.svg
Fernando Pessoa[5]

Ideologias

  • Mestre dos outros heterónimos e do próprio Fernando Pessoa Ortónimo porque, ao contrário destes, consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite:
    • viver sem dor;
    • envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
    • não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que o rodeiam;
    • sentir sem pensar;
    • ser um ser uno (não fragmentado);
  • Poeta do real objectivo, pois aceita a realidade e o mundo exterior como são com alegria ingénua e contemplação, recusando a subjectividade e a introspecção. O misticismo foi banido do seu universo.[6]
  • Poeta da Natureza, porque anda pela mão das Estações[7] e integra-se nas leis do universo como se fosse um rio ou uma árvore,[8] redendo-se ao destino e à ordem natural das coisas.
  • Temporalidade estática, vive no presente, não quer saber do passado ou do futuro.[9] Cada instante tem igual duração ao dos relâmpagos, ou à das flores, ou ao do sol e tudo o que vê é eterna novidade;[10] É um tempo objectivo que coincide com a sucessão dos dias e das estações. A Natureza é a sua verdade absoluta.
  • Antimetafísico, pois deseja abolir a consciência dos seus próprios pensamentos (o vício de pensar) pois deste modo todos seriam alegres e contentes.[11]
  • Crença que as coisas não têm significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio significado.[12]

Obra

Ao todo tem 104 poemas, 49 em O Guardador de Rebanhos, 6 em O Pastor Amoroso e 49 em Poemas Inconjuntos.

Pintura de Silva Porto

Temas

Os seguintes temas são os mais abordados ao longo da sua poesia e os seus respectivos chavões de identificação.
  • Objectivismo:
    • atitude antilírica;
    • atenção à eterna novidade do mundo;[10]
    • poeta da Natureza;
  • Sensacionismo:
    • poeta das sensações verdadeiras;
    • poeta do olhar;
    • predomínio das sensações visuais e auditivas;
  • Antimetafísico:
    • recusa do pensamento e da compreensão (pensar é estar doente dos olhos)[13]
    • recusa do mistério e do misticismo;
  • Panteísmo naturalista:
    • Deus está na simplicidade e em todas as coisas.[14]
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos… Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é. Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem por que ama, nem o que é amar…
Alberto Caeiro, excerto de ‘’O Guardador de Rebanhos’’.[15]

Estilo

Outros heterônimos

Referências

  1. "Prefácio" de Ricardo Reis à obra de Alberto Caeiro, in Fernando Pessoa, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 25. Editorial Presença, 1994. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.)
  2. Carta astral de Alberto Caeiro, manuscrita por Fernando Pessoa, in Teresa Rita Lopes (pesquisa, organização e texto), Fernando Pessoa: Vivendo e Escrevendo, p.31. Assírio & Alvim, 1998. Na carta a Adolfo Casais Monteiro datada de 13 de Janeiro de 1935, Fernando Pessoa apenas indica o ano; no "Prefácio" de Ricardo Reis anteriormente citado, o dia exacto foi deixado em branco.
  3. Data indicada por Thomas Crosse (um inglês divulgador da obra de Caeiro), outra personagem literária criada por Fernando Pessoa. In Teresa Rita Lopes, Pessoa por Conhecer, vol. II, p. 439. Editorial Estampa, 1990.
  4. Mês indicado por Thomas Crosse, op. cit. Na carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro e no "Prefácio" de Ricardo Reis apenas é indicado o ano.
  5. a b Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, Lisboa, 13 de Janeiro de 1935.
  6. O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (1-3)
  7. O Guardador de Rebanhos, Poema Primeiro. (3-6)
  8. O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (4-5)
  9. O Guardador de Rebanhos, Poema décimo. (9-13) (
  10. a b O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (5-7,12-13)
  11. O Guardador de Rebanhos, Poema primeiro. (22-28)
  12. O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (16-17)
  13. O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (15-18)
  14. O Guardador de Rebanhos, Poema décimo quarto. (5-6)
  15. O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (19-23)

Bibliografia

  • Fernando Pessoa. Poesia de Alberto Caeiro (em Português). [S.l.]: Assírio & Alvim, 2009. ISBN 978-972-37-0654-3
  • Lopes, Teresa Rita. Pessoa por Conhecer (em Português). [S.l.]: Ed. Estampa, 1991. ISBN 978-972-33-0768-9
  • Lourenço, Eduardo. Fernando, Rei da Nossa Bavieira (em Português). [S.l.]: I.N - C.M, 1993. ISBN 978-972-27-0655-1
  • Padrão, Maria da Glória. A Metáfora em Fernando Pessoa (em Português). [S.l.]: Ed. Limiar, 1981.

Leituras adicionais

  • Tabucchi, António. Sonhos de Sonhos (em Português). [S.l.]: Quetzal Ed, 1998. ISBN 978-972-564-348-8. [1] Vistada a 14 Fevereiro 2010.
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Ver também

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