quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ENTRE JOVENS - De Ficantes a Namoridos - Martha Medeiros

Dos ficantes aos namoridos Martha Medeiros
Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.
Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.
Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.
Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.
No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.
Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.
Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.
Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.
Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.
Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.
Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".
Caderno Dona – Zero Hora
1. Todas as caracterizações servem para definir o que é o namorido, exceto:
a) é uma etapa quentíssima da relação a dois.
b) O namorido é um homem híbrido, transgênico
c) Não foram escolhidos para serem companheiros na velhice
d) O namorido vale mais que um namorado e menos que um marido
2. Toda as palavras podem ser substituídas pela expressão em destaque na frase a seguir, exceto: Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta:
a) não interrompido b) contínuo c) constante d) paralisado

3. Quanto ao suporte ou lugar onde veicula a notícia esse texto pertence a:
a) a uma revista b) livro c)internet d) Jornal Zero Hora

4. A temática do texto é:
a) os namoridos b) o namoro c) as relações afetivas d) as separações

5. Todas as caracterizações servem para definir o que é o namoro, exceto:
a) é o espaço para a saudade, que é o fermento e o afrodisíaco da relação.
b) O pouco tempo de convivência diária ganha importância de celebração.
c) é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles
d) é uma etapa dispensável nas relações.
6. Indique a alternativa cuja idéia está contida no texto:
a) O namorido vai ser um futuro parceiro na velhice
b) O índice de satisfação afetiva com esses novos tipos de relações( namorido) é altíssimo
c) O namoro representa uma relação mais duradoura, menos egoísta e mais definitiva.
d) O namoro é comparado a um disco dos Beatels porque é antigo.
7. Indique a alternativa na qual a idéia da autora se faz presente
a) Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.
b) Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido.
c) Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta
d) Trata-se de um homem híbrido, transgênico
8. Indique a alternativa cuja expressão em destaque não possui a mesma função das demais.
a) Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada.
b) Quem pode contra o avanço dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário?
c) A gente está falando de quê, de catadores de lixo?
d) Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.
9. Indique a frase em que a expressão em destaque funciona como numeral, pois indica quantidade
a) Uma é a tribo dos ficantes.
b) Uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas
c) Considero um desperdício de energia
d) Assim que uma relação começa, juntam-se os trapos
10. Indique a alternativa cuja frase não está em sentido conotativo
a) “Quem pega mais numa única noite”
b) Pegar sete caras. Pegar nove “mina¨
c) Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe.
d) De ser o seu cadáver itinerante".
11. Indique a alternativa em que não há relação de coerência entre a frase e o que é dito posteriormente.
a) Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno. – A conjunção em destaque é condicional e pode ser substituída por Caso, sem alterar sentido.
b) Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno. – A expressão em destaque funciona como pronome demonstrativo e pode ser substituído por aquilo sem alteração de sentido.
c) Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. – A expressão em destaque funciona como uma conjunção adversativa e poderia ser substituída por porém sem alterar sentido.
d) No entanto, quem pode contra o avanço - A expressão em destaque funciona como uma conjunção adversativa e poderia ser substituída por logo.
12. O objetivo do texto é:
a) estimular as relações atuais b) refletir sobre as relações atuais
c) questionar as relações atuais d) referendar as relações atuais.

13. “Quem pega mais numa única noite”. A frase está empregada em uma linguagem:
a) formal b) gíria c) coloquial d) técnica

14. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada . A expressão em destaque pode ser substituída por todas as palavras, exeto:
a) pois b)porém c) todavia d) contudo

15. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada . A expressão em destaque funciona como conjunção :
a) aditiva b) adversativa c) temporal d) condicional.

16. Faça um texto contando um pouco dos tipos de diversões que os jovens participam e como se dão as abordagens ou pegadas. Use muita gíria em seu texto

2 comentários:

Meu Fazer Pedagógico disse...
Olá Elaine! É sempre um prazer ver o teu trabalho.
RUIZINHO EM GINCANA disse...
http://www.secrel.com.br/jpoesia/autoria.html#namorado

Ter ou não ter namorado,

eis a questão


encontri esse texto e achei super. podese fazer uma atividade de intertextualidade boa, não pode?

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