quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Primeiro Aprender - DE VOLTA AO GRUNHIDO - Luiz Fernando Veríssimo

Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela internet e acabam casando ou vivendo juntas uma semana depois. As conversas por computador são, necessariamente, sucintas e práticas, e não permitem namoros longos, ou qualquer tipo de aproximação por etapas. Estamos longe, por exemplo, do tempo em que as pessoas se viam numa quermesse de igreja e se mandavam recados pelo alto-falante. Como as quermesses eram anuais, elas só se falavam uma vez por ano, e sempre pelo alto-falante. Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro e um de noivado, e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho que o vovô dizia: "Com licença." Na geração seguinte, o homem pedia a mulher em namoro, depois pedia em noivado, depois pedia em casamento, e, quando finalmente podia dormir com ela, era como chegar no guichê certo depois de preencher todas as formalidades, reconhecer todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha. Durante o namoro, ele mandava poemas, o que sempre funcionava, e muitas mulheres de uma certa época, para serem justas, deveriam ter casado com Vinícius de Morais. As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das cavernas, o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo desenvolveram-se a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou a exageros de regras e restrições, e depois foi se abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo. A corte, claro, tinha sua justificativa. Dava à mulher a oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando para procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam ter aptidões que favoreceriam a espécie, como potência física ou econômica, ou até um gosto por Vinícius de Morais. Isso quando podiam selecionar e a escolha não era feita por elas. No futuro, quando todo namoro for pela Internet, todo sexo for virtual e as mulheres ou os homens, nunca se sabe, só derem à luz a bytes, o único critério para seleção será ter um computador com modem e um bom provedor de linha. Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até dentro de casa. Será como se os nossos namorados da quermesse levassem os alto-falantes para dentro de casa. Na mesa do café, marido e mulher, em vez de falar, digitarão seus diálogos, cada um no seu terminal. E, quando sentirem falta de palavra falada e do calor da voz, quando decidirem que só frases soltas numa tela não bastam e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará seu celular. Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em que viveremos todos no ciberespaço, volatizados. Só nossos corpos ficarão na Terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse e pagar a conta da luz.
Assinale V ou F
(   )a conquista amorosa pela internet acontece de forma rápida
(   )o tipo de comunicação influencia o processo de conquista amorosa
(   )namoros longos foram próprios do tempo das cavernas
(   )o namoro pela internet privilegia a corte, o ritual da conquista
Considerando o trecho: “As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução”, assinale a alternativa em que a reescrita altera o sentido original do texto.
a)embora as pessoas digam que houve uma revolução sexual, o que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução.
b)as pessoas dizem que houve uma revolução sexual, mas o que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução
c)o que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução, apesar de as pessoas dizerem que houve uma revolução sexual
d)SEM RESPOSTA
Pela leitura do texto, você pode inferir que o autor:
a)mostra-se indiferente ao desenvolvimento tecnológico
b)demonstra preocupação com o futuro das relações humanas
c)minimiza os efeitos do computador na comunicação humana
d)define a eliminação dos meios eletrônicos na comunicação

grunhido

Significado de Grunhido

s.m. A voz do porco. Fig. Grito que se assemelha ao do porco.

Sinônimos de Grunhido

Sinônimo de grunhido: ronco

Definição de Grunhido

Classe gramatical de grunhido: Substantivo masculino Separação das sílabas de grunhido: gru-nhi-do

2 comentários:

mcbspf disse...
Uma crónica (português europeu) ou crônica (português brasileiro) é uma narração, segundo a ordem temporal. O termo é atribuído, por exemplo, aos noticiários dos jornais, comentários literários ou científicos, que preenchem periodicamente as páginas de um jornal. Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem. Características A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições. Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê. Em resumo, podemos determinar cinco pontos: * Narração histórica pela ordem do tempo em que se deram os fatos. * Seção ou artigo especial sobre literatura, assuntos científicos, esporte etc., em jornal ou outro periódico. * Pequeno conto baseado em algo do cotidiano. * Normalmente possui uma crítica indireta. * Muitas vezes a crônica vem escrita em tom humorístico. Exemplos de autores deste tipo de crônica são Fernando Sabino, Helyda Rezende, Leon Eliachar, Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes.
mcbspf disse...
Origem A palavra crônica deriva do Latim chronica /do grego(?) que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica (a narração de histórias segundo a ordem em que se sucedem no tempo). Era, portanto, um breve registro de eventos. No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris. Tipos de Crônica Humorista, Poética,narrativo-descritivo Memorialista,dissertativa descritiva,narrativa Crónica Descritiva Ocorre quando uma crônica explora a caracterização de seres animados e inanimados num espaço, viva como uma pintura, precisa como uma fotografia ou dinâmica como um filme publicado. Crônica Narrativa Tem por eixo uma história, o que a aproxima do conto. Pode ser narrado tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa do singular. Texto lírico (poético, mesmo em prosa). Comprometido com fatos cotidianos ("banais", comuns). Crônica Dissertativa Opinião explícita, com argumentos mais "sentimentalistas" do que "racionais" (em vez de "segundo o IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil", seria "vejo mais uma vez esses pequenos seres não alimentarem sequer o corpo"). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural. Crônica Narrativo-Descritiva É quando uma crônica explora a caracterização de seres, descrevendo-os. E, ao mesmo tempo mostra fatos cotidianos ("banais", comuns) no qual pode ser narrado em 1ª ou na 3ª pessoa do singular. Crônica Humorística Apresenta uma visão irônica ou cômica dos fatos apresentados. Crônica Lírica Linguagem poética e metafórica. Expressa o estado do espírito, as emoções do cronista diante de um fato de uma pessoa ou fenômeno.No geral as emoções do escritor. Crônica Poética Apresenta versos poéticos em forma de crônica. Crônica Jornalística Apresentação de aspectos particulares de noticias ou fatos. Pode ser policial, esportiva ou política. Narrativa (real ou ficção) sobre fatos cotidianos. Crônica Histórica Baseada em fatos reais, ou fatos históricos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Seguidores