terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O GUARANI

No Brasil do século XVII, o índio Peri e a filha dos nobres, Ceci, vivem um amor proibido, depois que o nativo salva a vida da moça. Peri ganha o direito de morar na casa do colonizador, Dom Antônio de Mariz, pai de Ceci. A possível harmonia é quebrada pelos conflitos entre os portugueses e a tribo dos Aimorés, além da traição de um ex-padre, que quer se apoderar da prata local. Em vários ataques, os aimorés minam a resistência dos colonos sitiados. Antes da destruição da fortaleza, porém, D.Antônio pede a Peri que salve Ceci. O guerreiro e sua amada fogem do palco dos conflitos. Como Adão e Eva, o nobre selvagem e a donzela branca começam a lançar as bases de uma nova civilização, no paraíso tropical.

O Guarani (1996)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Guarani
Brasil 1996 •  cor •  91 min 
Produção
Direção Norma Bengell
Roteiro José Joffily Filho
Elenco original Márcio Garcia Tatiana Issa Herson Capri Glória Pires José de Abreu Marco Ricca Imara Reis Cláudio Mamberti Tonico Pereira
Género Romance
Idioma original Português
IMDb: (inglês) (português)
Projeto CinemaPortal Cinema
O Guarani (1996) é uma das muitas versões cinematográficas do romance homônimo de José de Alencar. A trilha sonora é de Wagner Tiso, com música incidental Il Guarany, de Carlos Gomes.
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O Guarani (minissérie)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Guarani
Informação geral
Formato Minissérie
Duração 55 minutos
Criador José de Alencar adaptada por: Walcyr Carrasco
País de origem Brasil
Idioma original Português
Produção
Diretor(es) Marcos Schechtman
Elenco Angélica Leonardo Brício Luigi Baricelli
Tema de abertura "Opêra Indigina" - Priscilla Ermel
Exibição
Emissora de televisão original Brasil Rede Manchete
Transmissão original 19 de agosto de 1991 - 21 de setembro de 1991
№ de episódios 35
Portal Séries de televisão · Portal Televisão Projeto Televisão
O Guarani é uma minissérie brasileira que foi produzida e exibida pela Rede Manchete entre 19 de agosto de 1991 e 21 de setembro de 1991 em 35 capítulos. Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Marcos Schechtman, baseada no romance homônimo de José de Alencar. Este foi o último trabalho do ator Caíque Ferreira na televisão, que morreu dois anos e meio após a exibição da minissérie, em 12 de janeiro de 1994.

[editar] Elenco

Referências

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Guarani
Autor José de Alencar
Idioma Língua portuguesa
País Brasil
Lançamento 1857
ISBN N/A
Cronologia
Último
Último
A Viuvinha
Lucíola
Próximo
Próximo
Alencar.jpg Este artigo é parte da série Trilogia Indianista de José de Alencar
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O Guarani (1857) Iracema (1865) Ubirajara (1874) Ver também: Indianismo
Wikisource
O Wikisource possui esta obra: O Guarani
O Guarani é um romance escrito por José de Alencar, desenvolvido em princípio em folhetim, de fevereiro a abril de 1857, no Correio Mercantil, para no fim desse ano, ser publicado como livro, com alterações mínimas em relação ao que fora publicado em folhetim. A obra fez de José de Alencar um autor reconhecido. Foi republicada por diversas editoras e, atualmente, encontra-se em domínio público. [1]

Índice

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[editar] O advento da brasilidade

Escrito e publicado sob a forma de folhetins para o Diário do Rio de Janeiro entre 1º de janeiro e 20 de abril de 1857, o romance O Guarani obedece a um ritmo de trabalho frenético que marcou a escrita da obra, assim registrado pelo autor:
"O meu tempo dividia-se desta forma. Acordava por assim dizer na mesa de trabalho e escrevia o resto do capítulo começado no dia antecedente para enviá-lo à tipografia. Depois do almoço entrava por novo capítulo, que deixava em meio. Saía então para fazer algum exercício antes do jantar no Hotel Europa. À tarde, até nove ou dez horas da noite, passava no escritório da Redação, onde escrevia o artigo editorial e o mais que era preciso".
Aos 27 anos o escritor vê seu trabalho reconhecido pelo público. O seu primeiro romance de fôlego dá início ao projeto de fundação de uma literatura brasileira autônoma. A obra enuncia o advento da brasilidade, "encarnada na submissão do índio aos desígnios do colonizador europeu". Sobre a forma épica adotada no romance, o autor escreveu:
"Representa o consórcio do povo invasor com a terra americana, que dele recebia a cultura, e lhe retribuía nos eflúvios de sua natureza virgem e nas reverberações de um solo esplêndido. (...) É a gestação lenta do povo americano, que devia sair da estirpe lusa, para continuar no Novo Mundo as gloriosas tradições de seu progenitor."
No primeiro momento, o romance aborda a descrição da civilização representada pelos domínios de D. Antônio de Mariz, fidalgo português que nos fins do século XVI, fiel ao projeto colonizador da coroa portuguesa - submetida naquele período ao domínio espanhol, instala uma fazenda às margens do rio Paquequer. O segundo momento, marcado pelo ataque dos Aimorés lança por terra a esperança de uma sociedade portuguesa no solo brasileiro: a ordem da civilização portuguesa deve ser destruída, para que renasça a nação brasileira. Por fim, o terceiro momento, o renascimento, a união de Ceci e Peri. Sozinha no mundo, Ceci se recusa a ir para o Rio de Janeiro, após a destruição dos domínios de seu pai, preferindo ficar com Peri. O final é aberto, sugerindo a fusão de europeus e índios cristianizados e submissos como a fundação da nacionalidade brasileira: "O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face. Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o vôo. A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia...E sumiu-se no horizonte". Classificado geralmente em romance-histórico, tem 54 capítulos divididos em 4 partes: Os Aventureiros, Peri, Os Aimorés e A Catástrofe. Tem como personagens principais D. Antônio de Mariz, sua mulher D. Lauriana, seus filhos D. Diogo e D. Cecília (Ceci) e sua sobrinha D. Isabel(que na verdade é sua filha), Loredano, Aires Gomes, Alvaro de Sá e o índio Peri.

[editar] Enredo

Info Aviso: Este artigo ou seção contém revelações sobre o enredo (spoilers).
A obra se articula a partir de alguns fatos: a devoção e fidelidade de Peri, índio goicatá, a Cecília; o amor de Isabel por Álvaro, e o amor deste por Cecília; a morte acidental de uma índia aimoré por D. Diogo e a conseqüente revolta e ataque dos aimorés, tudo isso ocorrendo com uma rebelião dos homens de D. Antônio, liderados pelo ex-frei Loredano, homem ambicioso e mau-caráter, que deseja saquear a casa e raptar Cecília. Álvaro, que já conhecia o amor de Isabel por ele e também já a amava, se machuca na batalha contra os aimorés. Isabel, vendo o corpo do amado tenta se matar asfixiada junto com o corpo de Álvaro, quando o vê vivo tenta salva-lo, porém ele não permite e morrem juntos. Durante o ataque, D. Antônio, ao perceber que não havia mais condições de resistir, incumbe Peri à salvar Cecília, após tê-lo batizado como cristão. Os dois partem, com Ceci adormecida e Peri vê, ao longe, a casa explodir. A Cecília só resta Peri. Durante dias Peri e Cecília rumam para destino desconhecido e são surpreendidos por uma forte tempestade, que se transforma em dilúvio. Abrigados no topo de uma palmeira, Cecília espera a morte chegar, mas Peri conta uma lenda indígena segundo qual Tamandaré e sua esposa se salvaram de um dilúvio abrigando-se na copa de uma palmeira desprendida da terra e alimentando-se de seus frutos. Ao término da enchente, Tamandaré e sua esposa descem e povoam a Terra. As águas sobem, Cecília se desespera. A lenda de Tamandaré se repete e Peri com uma grande força arranca a palmeira e faz dela uma canoa para poderem continuar pelo rio, dando início à população brasileira.
Info Aviso: Terminam aqui as revelações sobre o enredo (spoilers).

[editar] Personagens

O livro possui os seguintes personagens:
Herois
Família de Cecília
  • D Antônio de Mariz, fidalgo português e pai de Cecília.
  • D Lauriana, dama paulistana e mãe de Cecília.
  • D Diogo, irmão de Cecília.
  • Isabel, filha bastarda de D Antônio de Mariz, tida como sua sobrinha.
  • D Álvaro de Sá, chefe dos aventureiros a serviço de D Antônio.
Vilões
  • Loredano, aventureiro e frade renegado.
  • Bento Simões, comparsa de Loredano e muito supersticioso
  • Rui Soeiro, comparsa de Loredano e pouco supersticioso
  • Martim Vaz, após a morte de Bento Simões e Rui Soeiro, assumo o braço-direito de Loredano, mas abandona o vilão no final

Referências

  1. O Guarani. Portal Domínio Público. Página visitada em 7 de julho de 2011.

[editar] Ligações externas

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carlos Gomes
Nome completoAntônio Carlos Gomes
Nascimento11 de julho de 1836 Campinas, SP
Morte16 de setembro de 1896 (60 anos) Belém
Nacionalidade Brasileiro
OcupaçãoCompositor
Principais trabalhosO Guarani
Período musicalEra romântica
Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11 de julho de 1836Belém, 16 de setembro de 1896) foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Destacou-se pelo estilo romântico, com o qual obteve carreira de destaque na Europa. Foi o primeiro compositor brasileiro a ter suas obras apresentadas no Teatro alla Scala.[1][2] É o autor da ópera O Guarani. Carlos Gomes nasceu em Campinas e ficou conhecido por Nhô Tonico,[1] nome com que assinava, até, suas dedicatórias. Nasceu numa segunda-feira numa humilde casa da Rua da Matriz Nova,[3] na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manuel José Gomes (Maneco Músico) e dona Fabiana Jaguari Gomes.[4] A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente, assassinada aos vinte e oito anos.[5] Seu pai vivia em dificuldades, com diversos filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro de Sant'Ana Gomes, fiel companheiro das horas amargas.[5] É na banda do pai, que mais tarde Carlos Gomes viria a substituir,[6] que ele vai fazer, em conjunto com seus irmãos, as primeiras apresentações em bailes e em concertos. Nessa época, Antônio Carlos Gomes alternava o tempo entre o trabalho numa alfaiataria costurando calças e paletós, e o aperfeiçoamento dos seus estudos musicais. Aos quinze anos de idade, compõe valsas, quadrilhas e polcas. Aos dezoito anos, em 1854, compõe a primeira Missa, Missa de São Sebastião,[1] dedicada ao pai e repleta de misticismo. Na execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Em 1857, compõe a modinha Suspiro d'Alma com versos do poeta romântico português Almeida Garrett.[1] Ao completar 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Giuseppe Verdi.[7] Era conhecido também em São Paulo, onde realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico,[1] ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Corte, em cujo conservatório poderia aperfeiçoar-se. Todavia, Carlos Gomes não podia viajar porque não tinha recursos.

Índice

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[editar] A primeira ópera

Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, A Noite do Castelo,[4] o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Imperial Ordem da Rosa.[6] Carlos Gomes conquistou logo a Corte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo? Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a si o deve!" A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correia do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante… " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera, Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863.[4] Como corolário do êxito, na Congregação da Academia Imperial de Belas Artes, foi lido um ofício do diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. Dom Pedro II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu.

[editar] Europa


Busto de Carlos Gomes em frente ao Auditório Araújo Viana em Porto Alegre - RS.
O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Wagner, mas a Imperatriz, Dona Teresa Cristina, napolitana, sugeriu-lhe a Itália. A 8 de novembro de 1863,[8] o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de Dom Pedro II para o Rei Fernando, de Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores.[4] A partir dessa data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antonio Scalvini, estreada, em 1 de janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano. Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça do Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarany! Il Guarany! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o imortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870.[9] Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeiro plano. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte. O grande Verdi, já glorioso e consagrado, teria dito de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo giovane comincia dove finisco io!" ("Este jovem começa de onde eu termino!"). E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala, foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux, com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras. Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente.

[editar] Outras óperas, outros triunfos

Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri,[1] que devotou toda sua vida ao maestro. Desse consórcio, nasceram cinco filhos,[5] muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai. Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor obra, Salvador Rosa e Maria Tudor. Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs o Hino a Camões, para o Quarto Centenário Camoniano, executado simultaneamente ali e na Corte, com grande sucesso. Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do que supunha. De volta à Itália, compôs a grande ópera Lo Schiavo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1887, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso.

[editar] Os últimos anos


O Teatro alla Scala de Milão
Em 3 de fevereiro de 1891, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, a ópera Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno. O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colomboem 1892,[4] poema sinfônico que, incompreendido pelo grande público, não obteve êxito. Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então presidente do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo André Rebouças, ali exilado. Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço. No entanto os últimos dias de Carlos Gomes em Belém foram de grande sofrimento. Seu mal era muito grave, e os esforços médicos não conseguiam diminuir as dores.Uma única vez ele saiu de casa, quando foi ao Conservatório de Música, que não chegou a dirigir. No dia 11 de julho, data de seu aniversário, as homenagens tributadas ao compositor davam a medida da afetividade que inspirava. Em vários pontos da cidade ouviam-se os acordes da protofonia de O Guarani, e os jornais alimentavam a dor pública com o relatório constante do agravamento do estado geral do compositor. Estava montado o cenário onde aconteceria a representação final do pathos do artista genial, do brasileiro ilustre, do consagrado testa di leone (cabeça de leão, devido à farta cabeleira), como algumas publicações italianas o chamavam. Cercado por autoridades e amigos, com o governador Lauro Sodré à cabeceira, Carlos Gomes morreu às 22 horas e 20 minutos de 16 de setembro de 1896.[1] Seu corpo foi embalsamado, fotografado e, em seguida, exposto à visitação pública, cercado de flores e objetos como partituras e instrumentos, bem de acordo com a idealizada "morte bela" do Romantismo. Descrevendo os cenários da morte, os jornais tratavam com solenidade o acontecimento, destacando o repouso, o sono intérmino, o triunfo silente do grande artista. Diziam os jornais, o maestro não morrera; antes, cruzara os umbrais da Fama! Dois dias depois do falecimento, o corpo do maestro foi transferido para o Conservatório de Música. O cortejo varou a noite de Belém. Desatrelado das parelhas de animais, o carro funerário era conduzido pelo povo, numa insólita romaria colonial anunciada pelos acordes de O Guarani e iluminado pelas velas e archotes levados no préstito ou dispostos nas varandas das casas. De 18 a 20 de setembro de 1896, o corpo ficou exposto em câmara ardente nos salões do Conservatório de Música, que se transformou em santuário cívico e espaço para as representações do afeto coletivo pelo compositor, como registram as imagens de época. Em seguida, foi levado para o Cemitério da Soledade, um misto de panteão e cemitério-jardim, onde estavam sepultados heróis da guerra do Paraguai, como o general Henrique Gurjão, acompanhado por aproximadamente 70 mil pessoas, que levavam andores, quadros, alegorias e guirlandas. Numa Belém cujos círculos letrados eram fortemente influenciados pelo positivismo, o cortejo fúnebre tornou-se uma verdadeira procissão cívica, em grande parte por iniciativa também do governo do Pará, que instrumentalizou a morte de Carlos Gomes. O maestro porém, não foi sepultado em Belém. A pedido do presidente do Estado de São Paulo, Campos Sales, o compositor foi levado para lá, com honras e transporte militares, a bordo do vapor Itaipu. Antes, na setecentista Catedral da Sé no Pará, foi celebrada uma missa de réquiem entoando-se uma Elegia a Carlos Gomes. Seu ataúde dominava o centro de um monumento funerário de quatorze metros de altura, em um catafalco encomendado por Lauro Sodré. O culto aos grandes homens dava forma à religião cívica do positivismo e exaltava os nomes reconhecidos pela Humanidade. Ao final das cerimônias litúrgicas e ao deixar o porto de Belém rumo a Santos, o Itaipu não transportava apenas os restos de Carlos Gomes. Também conduzia o corpo de um mito que alimentara a imaginação de um Brasil singular até mesmo em suas representações. Diante de seu estado, pouco antes de morrer o governo de São Paulo autorizou uma pensão mensal de dois contos de réis, enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro. Dias antes de sua morte, Carlos Gomes diria, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega… eu sou mesmo o mais caipora dos caipiras…" Os gloriosos despojos do maestro, se encontram hoje no magnífico monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. A duas quadras dali está o Museu Carlos Gomes, que reúne objetos e partituras do compositor. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com grandes solenidades.

[editar]

Carlos Gomes faz jus também ao nosso reconhecimento pelo seu grande espírito de brasilidade, que sempre conservou, mesmo no estrangeiro. Quando da estréia O Guarani, em Milão, o famoso tenor italiano Villani, escolhido para o papel de Peri, criou um problema: ele usava barbas, e recusava-se a raspá-las. Carlos Gomes protestou: "Onde se vira índio brasileiro barbado?" mas, afinal, tudo se acomodou. O tenor era um dos grandes cartazes da época e não podia ser dispensado. Assim, acabou cantando, após disfarçar os pelos, com pomadas e outros ingredientes. A procura de instrumentos indígenas foi outro tormento para o maestro. Em certos trechos de música bárbara e nativa, eram necessários borés, tembis, maracás ou inúbias. Andou por toda a Itália, mas não os encontrou, e foi preciso mandar fazê-los, sob sua direção, numa afamada fábrica de órgãos, em Bérgamo.

[editar] Representações na cultura


Sua face em uma moeda de 300 réis de 1938.
  • Carlos Gomes já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Paulo Betti na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999).[10] Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) de 1990[11] e em moedas de trezentos réis que foram emitidas em 1936 e 1937.[12]
  • O livro Carlos Gomes -Documentos Comentados (2007) de Marcus Góes, da Algol Editora traz documentos históricos de Carlos Gomes e cartas.[13]
  • Livro Homenagem a memoria de Carlos Gomes, organizado pela " Academia de Amadores da Música" de Lisboa, pela Editora Cia Nacional em 1897.

[editar] Montagens brasileiras recentes

[editar] Óperas

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"Alvorada"
Alvorada, pela Orquestra Sinfônica Brasileira da Universidade Federal Fluminense

Problemas para escutar este arquivo? Veja introdução à mídia.

Referências

  1. a b c d e f g Compositores brasileiros: Carlos Gomes (em português). MiniWeb. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  2. Carlos Gomes (em português). Folha on Line.
  3. Atualmente, denominada "Rua Regente Feijó".
  4. a b c d e Compositores brasileiros: Carlos Gomes (em português). UOL educação. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  5. a b c Sant'Anna (em português). Maestro Carlos Gomes. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  6. a b Antônio Carlos Gomes - Patrono da SBACE (em português). Sociedade Brasileira de Artes Cultura e Ensino - Carlos Gomes. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  7. Biografias: Carlos Gomes (em português). e-biografias. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  8. Antônio Carlos Gomes (em português). Portal São Francisco. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  9. Carlos Gomes:A Grande Presença Brasileira na Música Clássica (em português). Pietre Stones. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  10. Minissérires - Chiquinha Gonzaga (em português). Contigo. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  11. Moedas Comemorativas (em português). algol. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  12. História da Moeda no Brasil (em português). Portal São Francisco. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
  13. Carlos Gomes - Documentos Comentados (em português). algol. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
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