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sábado, 22 de março de 2014

POESIAS DE VINÍCIUS DE MORAES


Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes - Poesia

Poesia

A anunciação

Virgem! filha minha De onde vens assim Tão suja de terra Cheirando a jasmim A saia com mancha De flor carmesim E os brincos da orelha Fazendo tlintlin? Minha mãe (...)  Leia mais...

A ausente

Amiga, infinitamente amiga Em algum lugar teu coração bate por mim Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus. Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios Se enchem (...)  Leia mais...

A Berlim

Vós os vereis surgir da aurora mansa Firmes na marcha e uníssonos no brado Os heróicos demônios da vingança Que vos perseguem desde Stalingrado. As mãos (...)  Leia mais...

A bomba atômica

e=mc2 Einstein Deusa, visão dos céus que me domina ...tu que és mulher e nada mais! (Deusa, valsa carioca.) I (...)  Leia mais...

A brusca poesia da mulher amada

Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente... Eles foram vistos caminhando de noite para o amor - oh, a mulher amada é como a fonte! A mulher amada é como o (...)  Leia mais...

A brusca poesia da mulher amada (II)

A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada É quem traça a curva do horizonte (...)  Leia mais...

A brusca poesia da mulher amada (III)

A Nelita Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja sido herói sem mácula (...)  Leia mais...

A cidade antiga

Houve tempo em que a cidade tinha pêlo na axila E em que os parques usavam cinto de castidade As gaivotas do Pharoux não contavam em absoluto Com a posterior invenção dos (...)  Leia mais...

A cidade em progresso

A cidade mudou. Partiu para o futuro Entre semoventes abstratos Transpondo na manhã o imarcescível muro Da manhã na asa dos DC-4s Comeu colinas, comeu templos, comeu mar (...)  Leia mais...

A criação na poesia

(Ideal) (fragmento) O poeta parte no eterno renovamento. Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si. O poeta: Eu (...)  Leia mais...

A espantosa ode a São Francisco de Assis

1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia (...)  Leia mais...

A esposa

Às vezes, nessas noites frias e enevoadas Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos Essa estranha visão de mulher calma Surgindo do vazio dos meus olhos parados Vem (...)  Leia mais...

A estrelinha polar

De repente o mar fosforesceu, o navio ficou silente O firmamento lactesceu todo em poluções vibrantes de astros E a Estrelinha Polar fez um pipi de prata no atlântico penico.  Leia mais...

A floresta

Sobre o dorso possante do cavalo Banhado pela luz do sol nascente Eu penetrei o atalho, na floresta. Tudo era força ali, tudo era força Força ascencional da natureza. A luz que (...)  Leia mais...

A galinha-d'Angola

Coitada Da galinha - D'angola Não anda Regulando Da bola Não pára De comer A matraca E vive A reclamar Que está fraca:       - "Tou fraca! Tou (...)  Leia mais...

A grande voz

É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo Só a miséria da carne, e o mundo se desfazendo na lama da carne. (...)  Leia mais...

A hora íntima

Quem pagará o enterro e as flores Se eu me morrer de amores? Quem, dentre amigos, tão amigo Para estar no caixão comigo? Quem, em meio ao funeral Dirá de mim: - (...)  Leia mais...

A impossível partida

Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?… Como poder viver (...)  Leia mais...

A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias... (s/ título)

A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias A regra pode-se enunciar assim: espera-se que a avó entre para descansar, depois vai-se pé ante pé ver se o avô está mesmo (...)  Leia mais...

A legião dos Úrias

Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de rostos invisíveis na (...)  Leia mais...

A lenda da maldição

A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam. A criança era o príncipe-poeta que a música ardente (...)  Leia mais...

A manhã do morto

0 poeta, na noite de 25 de fevereiro de 1945, sonha que várias amigos seus (...)  Leia mais...

A máscara da noite

Sim, essa tarde conhece todos os meus pensamentos Todos os meus segredos e todos os meus patéticos anseios Sob esse céu como uma visão azul de incenso As estrelas são perfumes passados (...)  Leia mais...

A medida do abismo

Não é o grito A medida do abismo? Por isso eu grito Sempre que cismo Sobre tua vida Tão louca e errada... - Que grito inútil! - Que imenso nada!  Leia mais...

A miragem

Não direi que a tua visão desapareceu dos meus olhos sem vida Nem que a tua presença se diluiu na névoa que veio. Busquei inutilmente acorrentar-te a um passado de dores Inutilmente. (...)  Leia mais...

A morte

A morte vem de longe Do fundo dos céus Vem para os meus olhos Virá para os teus Desce das estrelas Das brancas estrelas As loucas estrelas Trânsfugas de Deus Chega (...)  Leia mais...

A morte de madrugada

Muerto cayó Federico. Antonio Machado Uma certa madrugada Eu por um caminho andava Não sei bem se estava bêbado Ou se tinha a morte n'alma Não sei também (...)  Leia mais...

A morte de meu carneirinho

Não teve flores Não teve velas Não teve missa Caixão também… Foi enterrado Junto à maré Por operários Mesmos do trem… A flor do orvalho Pendeu da nuvem (...)  Leia mais...

A morte do pintainho

(Adaptação de "Cock Robin") Quem matou o pintainho? Eu, disse o pato Com meu pé chato Eu matei o pintainho. Quem viu ele morto? Eu, disse o mocho Com (...)  Leia mais...

A morte em mim. Alguém (o medo) desce... (s/ título)

A morte em mim. Alguém (o medo) desce Uma rua noturna, e de repente Vê, soturna, no céu, a Lua, e sente O horror da Lua, e súbito enlouquece. A morte em cada ser. E alguém (...)  Leia mais...

A mulher na noite

Eu fiquei imóvel e no escuro tu vieste. A chuva batia nas vidraças e escorria nas calhas - vinhas andando e eu não te via Contudo a volúpia entrou em mim e ulcerou a treva nos meus olhos. (...)  Leia mais...

A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! como és linda, mulher que passas (...)  Leia mais...

A música das almas

"Le mal est dans le monde comme un esclave qui fait monter l'eau." Claudel Na manhã infinita as nuvens surgiram como a Ioucura numa alma E o vento como o instinto (...)  Leia mais...

A noite gargalha... os grilos... (s/ título)

A noite gargalha... os grilos Trilam, trepidando as águas As águas correm nos trilos Em preces cheias de mágoas Na solidão desse pranto Cheio de pressentimento Meu (...)  Leia mais...

A paixão da carne

Envolto em toalhas Frias, pego ao colo O corpo escaldante. Tem apenas dois anos E embora não fale Sorri com doçura. É Pedro, meu filho Sêmen feito carne Minha (...)  Leia mais...

A partida

Quero ir-me embora pra estrela Que vi luzindo no céu Na várzea do setestrelo. Sairei de casa à tarde Na hora crepuscular Em minha rua deserta Nem uma janela aberta (...)  Leia mais...

A pêra

Como de cera E por acaso Fria no vaso A entardecer A pêra é um pomo Em holocausto À vida, como Um seio exausto Entre bananas
Leia mais...

A perdida esperança

De posse deste amor que é, no entanto, impossível Este amor esperado e antigo como as pedras Eu encouraçarei o meu corpo impassível E à minha volta erguerei um alto muro de pedras. (...)  Leia mais...

A ponte de Van Gogh

O lugar não importa: pode ser o Japão, a Holanda, a campina inglesa. Mas é absolutamente preciso que seja domingo. O azul do céu ecoa na esmeralda do rio E o rio (...)  Leia mais...

A porta

Eu sou feita de madeira Madeira, matéria morta Mas não há coisa no mundo Mais viva do que uma porta. Eu abro devagarinho Pra passar o menininho Eu abro bem com cuidado (...)  Leia mais...

A primeira namorada

Tu me beijaste, Coisa Triste Justo durante a elevação Depois, impávida, partiste A receber a comunhão. Tinhas apenas seis ou sete E isso ou pouco mais eu tinha E (...)  Leia mais...

A pulga

Um, dois, três Quatro, cinco, seis Com mais um pulinho Estou na perna do freguês Um, dois, três Quatro, cinco, seis Com mais uma mordidinha Coitadinho do freguês (...)  Leia mais...

A que há de vir

Aquela que dormirá comigo todas as luas É a desejada de minha alma. Ela me dará o amor do seu coração E me dará o amor da sua carne. Ela abandonará pai, mãe, filho, esposo (...)  Leia mais...

A que vem de longe

A minha amada veio de leve A minha amada veio de longe A minha amada veio em silêncio         Ninguém se iluda. A minha amada veio da treva Surgiu da noite qual dura (...)  Leia mais...

A queda

Tu te abaterás sobre mim querendo domar-me mas eu te resistirei Porque a minha natureza é mais poderosa do que a tua. Ao meu abraço procurarás condensar-te em força - eu te olharei apenas (...)  Leia mais...

A rosa desfolhada

Tento compor o nosso amor Dentro da tua ausência Toda a loucura, todo o martírio De uma paixão imensa Teu toca-discos, nosso retrato Um tempo descuidado Tudo pisado, (...)  Leia mais...

A Santa de Sabará

À gravadora chilena Graciela Fuenzalida que trocou o mundo por Sabará A um grito da Ponte Velha Existe a "Pensão das Gordas" (Cantou-as Mário de Andrade!) Em (...)  Leia mais...

A torre escura tem melenas... (s/ título)

A torre escura tem melenas Negras como um sexo à luz Santa; mariâmada!... Cenas         Do meu amémjesus! A torre gótica tem olhos Que me flecham fixos de fé Versos, (...)  Leia mais...

A última parábola

No céu um dia eu vi - quando? era na tarde roxa As nuvens brancas e ligeiras do levante contarem a história estranha e desconhecida De um cordeiro de luz que pastava no poente distante num (...)  Leia mais...

A última viagem de Jayme Ovalle

Ovalle não queria a Morte Mas era dele tão querida Que o amor da Morte foi mais forte Que o amor do Ovalle à vida. E foi assim que a Morte, um dia Levou-o em bela (...)  Leia mais...

A um passarinho

Para que vieste Na minha janela Meter o nariz? Se foi por um verso Não sou mais poeta Ando tão feliz! Se é para uma prosa Não sou Anchieta Nem venho de Assis. (...)  Leia mais...

A uma mulher

Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias E a angústia do regresso morava já nos teus olhos. Tive (...)  Leia mais...

A vã pergunta

Esta jovem pensativa, de olhos cor de mel e de longas pestanas penumbrosas Que está sentada junto àquele jovem triste de largos ombros e rosto magro É ela a amada dele e é ele o amado dela (...)  Leia mais...

A Verlaine

Em memória de uma poesia Cuja iluminação maldita Lembra a da estrela que medita Sobre a putrefação do dia: Verlaine, pobre alma sem rumo Louco, sórdido, grande irmão (...)  Leia mais...

A vida vivida

Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel E cujas (...)  Leia mais...

A você, com amor

O amor é o murmúrio da terra quando as estrelas se apagam e os ventos da aurora vagam no nascimento do dia... O ridente abandono, a rútila alegria dos lábios, da fonte (...)  Leia mais...

A você, meu caro Millôr Fernandes... (s/ título)

A você, meu caro Millôr Fernandes (Poeta íntimo, homem triste, grande humorista, mais conhecido por Vão Gôgo E às vezes […] ) A você que me pede o poema da minha tão sonhada volta ao (...)  Leia mais...

A volta da mulher morena

Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo E estão me despertando de noite. Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios (...)  Leia mais...

Acontecimento

Haverá na face de todos um profundo assombro E na face de alguns, risos sutis cheios de reserva Muitos se reunirão em lugares desertos E falarão em voz baixa em novos possíveis (...)  Leia mais...

Agonia

No teu grande corpo branco depois eu fiquei. Tinha os olhos lívidos e tive medo. Já não havia sombra em ti - eras como um grande deserto de areia Onde eu houvesse tombado após uma (...)  Leia mais...

Ah, como eram belos neste instante os ermos marítimos... (s/ título)

Ah, como eram belos neste instante os ermos marítimos E como era misterioso e distante o poente da cinza Que como um fato, oculto nos pálidos confins Abria a pupila amarela da Lua, em (...)  Leia mais...

Alba

Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue Que tristeza esta vida, minha amiga… Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros E houve (...)  Leia mais...

Alexandra, a caçadora

Que Alexandre, o Grande é grande Todos sabemos de cor Mas nunca como Alexandra Porque Alexandra é a maior! Olhem bem o nome: rima Com força locomotriz Pode subir (...)  Leia mais...

Alexandrinos a Florença

Nessa tarde toscana, hermética e remota, Verde sinistro sobre antiga terracota, De onde, conzento-azuis, ímã-ferrugem, surgem Cúpulas, torres, claustros, campos: renascença Das (...)  Leia mais...

Algumas vezes tem acontecido que estando a amiga... (s/ título)

Algumas vezes tem acontecido que estando a amiga De repente calma, e eu em sua companhia Por causa de um céu azul, ou de um azul de nostalgia Ela me prende e me beija e me acarinha, e (...)  Leia mais...

Allegro

Sente como vibra Doidamente em nós Um vento feroz Estorcendo a fibra Dos caules informes E as plantas carnívoras De bocas enormes Lutam contra (...)  Leia mais...

Amiga minha, hoje no céu a Lua... (s/ título)

Amiga minha, hoje no céu a Lua Tem uma face que me lembra a tua A Lua é sempre assim, ou é teu rosto Que dorme no céu posto, amiga minha? Ah, desce do teu nicho, rosto puro (...)  Leia mais...

Amigo Di Cavalcanti... (s/ título)

Amigo Di Cavalcanti A hora é grave e inconstante. Tudo aquilo que prezamos O povo, a arte, a cultura Vemos sendo desfigurado Pelos homens do passado Que por (...)  Leia mais...

Amor

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? Vamos sofrer, (...)  Leia mais...

Amor nos três pavimentos

Eu não sei tocar, mas se você pedir Eu toco violino fagote trombone saxofone. Eu não sei cantar, mas se você pedir Dou um beijo na lua, bebo mel himeto Pra cantar melhor. Se (...)  Leia mais...

Amor, escuta um segredo... (s/ título)

Amor, escuta um segredo Tua pele é lisa, lisa Minha palma que a analisa Não tem medo: fica nua. Fica de tal modo nua Que eu, ante tanto abandono Transforme o (...)  Leia mais...

Anfiguri

Aquilo que eu ouso Não é o que quero Eu quero o repouso Do que não espero. Não quero o que tenho Pelo que custou Não sei de onde venho Sei para onde vou. (...)  Leia mais...

Ânsia

Na treva que se fez em torno a mim Eu vi a carne. Eu senti a carne que me afogava o peito E me trazia à boca o beijo maldito. Eu gritei. De horror eu gritei que a perdição me (...)  Leia mais...

Antes que a angústia desça é preciso partir... (s/ título)

Antes que a angústia desça é preciso partir Não importa para onde, não importa para longe de quem Ó como o mesmo céu sufoca e a mesma ventura mata! Abandonar o corpo gasto de (...)  Leia mais...

Antiode à tristeza

Ó enfermeira sem som do olhar sem cor Que refletida ao último infinito Pela lúcida insânia dos espelhos Passeias pelo imenso corredor Desta antiga Irmandade! Ó sonolenta (...)  Leia mais...

Ao sono que vence-o... (s/ título)

Ao sono que vence-o Quando a noite cai Num canto da sala Dormindo em silêncio Repousa meu pai E eu me deixo a vê-lo Sossegado, até Quando minha mãe E as (...)  Leia mais...

Ariana, a mulher

Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o outro (...)  Leia mais...

As abelhas

A aaaaaaabelha mestra E aaaaaaas abelhinhas Estão toooooooodas prontinhas Pra iiiiiiir para a festa. Num zune que zune Lá vão pro jardim Brincar com a cravina (...)  Leia mais...

As borboletas

Brancas Azuis Amarelas E pretas Brincam Na luz As belas Borboletas. Borboletas brancas São alegres e francas. Borboletas azuis Gostam muito de (...)  Leia mais...

As mulheres ocas

Headpiece filled with siraw T.S. Eliot, "The Hollow Men" Nós somos as inorgânicas Frias estátuas de talco Com hálito de champagne E pernas de salto alto (...)  Leia mais...

As procelárias

De minha velha torre eu acompanho cada ano as aves que fogem dos climas atrozes Lentas aves cuja multidão de asas batendo deixa a tempestade boiar sobre os verdes oceanos dos trópicos E (...)  Leia mais...

Aurora, com movimento

(Posto 3) A linha móvel do horizonte Atira para cima o sol em diabolô Os ventos de longe Agitam docemente os cabelos da rocha Passam em fachos o primeiro (...)  Leia mais...

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer (...)  Leia mais...

Azul e branco

Concha e cavalo-marinho Mote de Pedro Nava I Massas geométricas Em pautas de música Plástica e silêncio Do (...)  Leia mais...

Balada da moça do Miramar

Silêncio da madrugada No Edifício Miramar... Sentada em frente à janela Nua, morta, deslumbrada Uma moça mira o mar. Ninguém sabe quem é ela Nem ninguém há de (...)  Leia mais...

Balada da praia do Vidigal

A lua foi companheira Na praia do Vidigal Não surgiu, mas mesmo oculta Nos recordou seu luar Teu ventre de maré cheia Vinha em ondas me puxar Eram-me os dedos de areia (...)  Leia mais...

Balada das arquivistas

Oh jovens anjos cativos Que as asas vos machucais Nos armários dos arquivos! Delicadas funcionárias Designadas por padrões Prisioneiras honorárias Da mais fria das prisões (...)  Leia mais...

Balada das duas mocinhas de Botafogo

Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte da irmã cabiam Numa (...)  Leia mais...

Balada das lavadeiras

Lava, lava, lavadeira A roupa do teu patrão Sua camisa de linho Sua meia-confecção Enxágua seu lenço sujo Todo sujo de batom Põe anil no dito-cujo Pro trabalho (...)  Leia mais...

Balada das meninas de bicicleta

Meninas de bicicleta Que fagueiras pedalais Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas Princesas da zona sul: As vossas (...)  Leia mais...

Balada de Botafogo

Ó luas de Botafogo Luas que não voltam mais A se masturbarem nuas Sobre o flúmen dessas ruas Minhas ruas transversais. Ó transversais, ó travessas Sombrias, (...)  Leia mais...

Balada de Di Cavalcanti

Nos sessenta e cinco anos do pintor mais jovem do Brasil Carioca Di Cavalcanti É com a maior emoção Que este também carioca Te traz esta saudação. É de (...)  Leia mais...

Balada de Pedro Nava

(O anjo e o túmulo) I Meu amigo Pedro Nava Em que navio embarcou: A bordo do Westphalia Ou a bordo do (...)  Leia mais...

Balada do cavalão

A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado! Balança, rede, balança... Susana deixou (...)  Leia mais...

Balada do enterrado vivo

Na mais medonha das trevas Acabei de despertar Soterrado sob um túmulo. De nada chego a lembrar Sinto meu corpo pesar Como se fosse de chumbo. Não posso me levantar (...)  Leia mais...

Balada do mangue

Pobres flores gonocócicas Que à noite despetalais As vossas pétalas tóxicas! Pobre de vós, pensas, murchas Orquídeas do despudor Não sois Lœlia tenebrosa Nem sois Vanda (...)  Leia mais...

Balada do morto vivo

Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais (...)  Leia mais...

Balada dos mortos dos campos de concentração

Cadáveres de Nordhausen Erla, Belsen e Buchenwald! Ocos, flácidos cadáveres Como espantalhos, largados Na sementeira espectral Dos ermos campos estéreis De Buchenwald e (...)  Leia mais...

Balada feroz

Canta uma esperança desatinada para que se enfureçam silenciosamente os cadáveres dos afogado Canta para que grasne sarcasticamente o corvo que tens pousado sobre a tua omoplata atlética. (...)  Leia mais...

Balada negra

Éramos meu pai e eu E um negro, negro cavalo Ele montado na sela, Eu na garupa enganchado. Quando? eu nem sabia ler Por quê? saber não me foi dado Só sei que era o alto da (...)  Leia mais...

Balada para Maria

Não sei o que me angustia Tardiamente; em meu peito Vive dormindo perfeito O sono dessa agonia... Saudades tuas, Maria? Na volúpia de uma flora Úmida, pecaminosa Nasceu (...)  Leia mais...

Balanço do filho morto

Homem sentado na cadeira de balanço Sentado na cadeira de balanço Na cadeira de balanço De balanço Balanço do filho morto. Homem sentado na cadeira de balanço (...)  Leia mais...

Barcarola

Parti-me, trágico, ao meio De mim mesmo, na paixão. A amiga mostrou-me o seio Como uma consolação. Dormi-lhe no peito frio De um sono sem sonhos, mas A carne no (...)  Leia mais...

Beleza do corpo da amiga

Amiga, teu corpo é como uma sombra quente Onde eu me deito para mirar a água tranqüila dos teus olhos Amiga, teus olhos são como uma água tranqüila Que apenas se diluem quando eu (...)  Leia mais...

Bem pobre sou, ó homem de Deus, herói, mártir, santo... (s/ título)

Bem pobre sou, ó homem de Deus, herói, mártir, santo Sou o eterno pensamento de David sobre o leito púrpura de Urias. Sou um escravo! tenho o lar e tenho o mar - e nada tenho! (...)  Leia mais...

Bilhete a Baudelaire

Poeta, um pouco à tua maneira E para distrair o spleen Que estou sentindo vir a mim Em sua ronda costumeira Folheando-te, reencontro a rara Delícia (...)  Leia mais...

Blues para Emmet Louis Till

(O negrinho americano que ousou assoviar para uma mulher branca) Os assassinos de Emmet - Poor Mamma Till! Chegaram sem avisar - Poor Mamma Till! Mascando (...)  Leia mais...

Bom dia, tristeza

Bom dia, tristeza Que tarde, tristeza Você veio hoje me ver Já estava ficando Até meio triste De estar tanto tempo Longe de você Se chegue, tristeza Se (...)  Leia mais...

Canção

Não leves nunca de mim A filha que tu me deste A doce, úmida, tranqüila Filhinha que tu me deste Deixe-a, que bem me persiga Seu balbucio celeste. Não leves; deixa-a comigo (...)  Leia mais...

Canção para a amiga dormindo

Dorme, amiga, dorme Teu sono de rosa Uma paz imensa Desceu nesta hora. Cerra bem as pétalas Do teu corpo imóvel E pede ao silêncio Que não vá embora. Dorme, (...)  Leia mais...

Cântico

Não, tu não és um sonho, és a existência Tens carne, tens fadiga e tens pudor No calmo peito teu. Tu és a estrela Sem nome, és a morada, és a cantiga Do amor, és luz, és lírio, (...)  Leia mais...

Carne

Que importa se a distância estende entre nós léguas e léguas Que importa se existe entre nós muitas montanhas? O mesmo céu nos cobre E a mesma terra Iiga nossos pés. No céu e na (...)  Leia mais...

Carta aos puros

Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros E em cujos olhos queima um lento fogo frio Vós de nervos de nylon e de músculos duros Capazes de não rir durante anos a fio. (...)  Leia mais...

Carta do ausente

Meus amigos, se durante o meu recesso virem por acaso passar a minha amada Peçam silêncio geral. Depois Apontem para o infinito. Ela deve ir Como uma sonâmbula, envolta numa aura (...)  Leia mais...

Cartão-postal

v avião v vR IO (...)  Leia mais...

Cemitério marinho

Tal como anjos em decúbito A conversar com o céu baixinho Existem cerca de cem túmulos Num lindo cemiteriozinho Que eu, a passeio, descobri Um dia em Sidi Bou Said. (...)  Leia mais...

Cinepoema

O preto no branco Manuel Bandeira O preto no banco A branca na areia O preto no banco A branca na areia Silêncio na praia De Copacabana. A (...)  Leia mais...

Conjugação da ausente

Foram precisos mais dez anos e oito quilos Muitas cãs e um princípio de abdômen (Sem falar na Segunda Grande Guerra, na descoberta da penicilina e na desagregação do átomo) Foram (...)  Leia mais...

Copacabana

Esta é Copacabana, ampla laguna Curva e horizonte, arco de amor vibrando Suas flechas de luz contra o infinito. Aqui meus olhos desnudaram estrelas Aqui meus braços (...)  Leia mais...

Crepúsculo em New York

Com um gesto fulgurante o Arcanjo Gabriel Abre de par em par o pórtico do poente Sobre New York. A gigantesca espada de ouro A faiscar simetria, ei-lo que monta guarda A (...)  Leia mais...

Da fidelidade

Há alguma coisa maior que nós mesmos que é a fidelidade a nós mesmos Flor espantosa que vive das águas cáusticas e das terras apodrecidas da prodigiosa extensão humana. É a sua santidade (...)  Leia mais...

De madrugada, na alta serra... (s/ título)

De madrugada, na alta serra Desencanta-se o Príncipe da Terra De madrugada, na alta serra Ouve-se a voz que aterra O canto pressago, frio como um sorriso Do Príncipe da Terra (...)  Leia mais...

De noite para proclamar-se minha escrava... (s/ título)

De noite para proclamar-se minha escrava E antes mesmo de tê-la, tendo-a na boca presa Era o jovem que fui, semeador de beleza Que voltava do mar a dizer, triunfal "Vi Nossa (...)  Leia mais...

De sobre ti levanto o meu cadáver... (s/ título)

De sobre ti levanto o meu cadáver. Vejo teus seios que fogem, teu rosto que se cobre de sombras O ventre maldito nos acorrenta ainda. Sinto que penetras um mar desconhecido Que (...)  Leia mais...

Deram-me fogo ao gesto terno... (s/ título)

Deram-me fogo ao gesto terno Com que a matei de simpatia Ao descrever-lhe o santo inferno       Do seu riso no dia. Diria como eu me disse: - Vai Ao velho adro ao pé do (...)  Leia mais...

Desde sempre

Na minha frente, no cinema escuro e silencioso Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas Narrando a beleza suave de um drama de amor. Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso (...)  Leia mais...

Desert Hot Springs

Na piscina pública de Desert Hot Springs O homem, meu heróico semelhante Arrasta pelo ladrilho deformidades insolúveis. Nesta, como em outras lutas Sua grandeza reveste-se de uma (...)  Leia mais...

Dialética

É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz (...)  Leia mais...

Dois poeminhas com Sputnik

I * Vai, Jorge Lafayette Vai em frente, menininho Pula muro, pinta o sete Manda a bola no vizinho Briga com a turma da rua Sai (...)  Leia mais...

Duas canções de silêncio

Ouve como o silêncio Se fez de repente Para o nosso amor Horizontalmente... Crê apenas no amor    E em mais nada Cala; escuta o silêncio    Que nos fala (...)  Leia mais...

E depois tem a questão de ter paciência... (s/ título)

E depois tem a questão de ter paciência Não se deixar levar, estar preparado e ao mesmo tempo certo De que ainda é possível... E depois Tem a questão de resolver, de não parecer que, e (...)  Leia mais...

Ela entrou como um pássaro no museu de memórias... (s/ título)

Ela entrou como um pássaro no museu de memórias E no mosaico em preto e branco pôs-se a brincar de dança. Não soube se era um anjo, seus braços magros Eram muito brancos para serem (...)  Leia mais...

Ele é o mundo extremo de beleza... (s/ título)

Ele é o mundo extremo de beleza e de todas as idéias passadas e futuras É a sabedoria de todas as coisas na sua essência de música e de poesia É a vida em desencantamento de todas as (...)  Leia mais...

Elegia ao primeiro amigo

Seguramente não sou eu Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história. É antes uma vontade indizível de te falar docemente De te lembrar tanta aventura vivida, tanto (...)  Leia mais...

Elegia de Paris

Maintenant j'ai trop vu. Neste momento Eu gostaria de esquecer as prostitutas de Amsterdam Em seus mostruários, e os modelos De Dior, comendo croque-monsieur com gestos (...)  Leia mais...

Elegia de Taormina

A dupla profundidade do azul Sonda o limite dos jardins E descendo até a terra o transpõe. Ter o Etna, coberto de neve, ao horizonte da mão, Considerado das ruínas do templo (...)  Leia mais...

Elegia desesperada

Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam As aves do céu! e mais que nunca No (...)  Leia mais...

Elegia lírica

Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul E em vão eram tristes os rios e torvas as águas Nos vales havia mais (...)  Leia mais...

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los Angeles (...)  Leia mais...

Elegia quase uma ode

Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem. O verso que mergulha o fundo de minha alma É simples e fatal, mas não traz carícia... Lembra-me de ti, poesia criança, de ti Que te (...)  Leia mais...

Em Montevidéu

De los aires límpidos (...)  Leia mais...

Epitáfio

Aqui jaz o Sol Que criou a aurora E deu a luz ao dia E apascentou a tarde O mágico pastor De mãos luminosas Que fecundou as rosas E as (...)  Leia mais...

Epitalâmio

Esta manhã a casa madruguei. Havia elfos alados nos gelados Raios de sol da sala quando entrei. Sentada na cadeira de balanço Resplendente, uma fada balançava-se Numa poça de (...)  Leia mais...

Esta manhã a casa madruguei... (s/ título)

Esta manhã a casa madruguei. Havia elfos alados nos gelados Raios de sol da sala quando entrei. Sentada na cadeira de balanço Resplendente, uma fada balançava-se Numa poça de (...)  Leia mais...

Estudo

Meu sonho (o mais caro) Seria, sem tema Fazer um poema Como um dia claro. E vê-lo, fantástico No papel pautado Ser parte e teclado Poético e plástico. (...)  Leia mais...

Eu creio na alma... (s/ título)

Eu creio na alma Nau feita para as grandes travessias Que vaga em qualquer mar e habita em qualquer porto Eu creio na alma imensa A alma dos grandes mistérios A grande alma que (...)  Leia mais...

Eu nasci marcado pela paixão

Eu nasci marcado pela Paixão, Pedro, meu filho... E porque por ela nasci marcado, a ela me entreguei sem remissão desde menino, e o primeiro gesto que fiz foi buscar um seio de Mulher...  Leia mais...

Eu venho te trazer esta mulher... (s/ título)

Eu venho te trazer esta mulher - é louca!... tem olhar de céu mas o céu é morto nos seus olhos Toma, é tua! - é bela, eu a vi nua... seus seios são fortes e ingênuos mas não são seios... - (...)  Leia mais...

Extensão

Eu busquei encontrar na extensão um caminho Um caminho qualquer para qualquer lugar. Eu segui ao sabor de todos os ventos Mas somente a extensão. Chorei. Prostrado na terra eu (...)  Leia mais...

Extremamente circunspecta... (s/ título)

Extremamente circunspecta Jazia a perna. Digo-vos que extremamente circunspecta e pálida Jazia a perna. Digo-vos que extremamente circunspecta, pálida e ambígua Jazia a perna. Digo-vos (...)  Leia mais...

Exumação de Mário de Andrade

No 17º ano da sua morte e no 40º do seu nascimento Na semana de Arte Moderna Minha casa de Saint Andrews Place. Duas da manhã. Abro uma gaveta Com um gesto sem (...)  Leia mais...

Feijoada à minha moda

Amiga Helena Sangirardi Conforme um dia eu prometi Onde, confesso que esqueci E embora - perdoe - tão tarde (Melhor do que nunca!) este poeta Segundo manda a boa ética (...)  Leia mais...

Fim

Será que cheguei ao fim de todos os caminhos E só resta a possibilidade de permanecer? Será a Verdade apenas um incentivo à caminhada Ou será ela a própria caminhada? Terão mentido (...)  Leia mais...

Fuga e adágio

Vou sair correndo desta cidade em busca de um lugar qualquer onde possa escrever o poema da minha desgraça Vou, porque já é demais para mim o espetáculo incessante da simulação e inexpressão (...)  Leia mais...

Genebra em dezembro

Campos de neve e píncaros distantes Sinos que morrem Asas brancas em frios céus distantes Águas que (...)  Leia mais...

Gostaria de dar-te, namorada... (s/ título)

Gostaria de dar-te, namorada Nos teus vinte e cinco anos de beleza Tudo o que há de melhor na natureza Entre o que anda, voa, corre e nada. Gostaria de dar-te de presente (...)  Leia mais...

Himeneu

Na cama, onde a aurora deixa Seu mais suave palor Dorme ninando uma gueixa A dona do meu amor. De pijama aberto, flui Um seio redondo e escuro Que como, lasso, (...)  Leia mais...

História de alma

Meia-noite. Frio. Frio em tudo E mais frio que em tudo, frio na Alma A Noite grande e aberta... a Alma grande e aberta... Infinitamente frias... No alto a noite má seguia a (...)  Leia mais...

História do samba

Gosto de um samba chulado Porque é samba de cadência No corrido sou danado Mostro a minha independência Mas o meu samba adorado Onde perco a consciência - É o samba de (...)  Leia mais...

História passional, Hollywood, Califórnia

Preliminarmente, telegrafar-te-ei uma dúzia de rosas Depois te levarei a comer um shop-suey Se a tarde também for loura abriremos a capota Teus cabelos ao vento marcarão oitenta (...)  Leia mais...

Idade média

Faze com que tua boca seja para mim água e não vinho E faze com que para mim teus seios peras e não cidras... Algum dia no teu ventre que eu vejo se estender como uma branca terra fecunda (...)  Leia mais...

Ilha do Governador

Esse ruído dentro do mar invisível são barcos passando Esse ei-ou que ficou nos meus ouvidos são os pescadores esquecidos Eles vêm remando sob o peso de grandes mágoas Vêm de (...)  Leia mais...

Imitação de Rilke

Alguém que me espia do fundo da noite Com olhos imóveís brilhando na noite Me quer. Alguém que me espia do fundo da noite (Mulher que me ama, perdida na noite?) Me chama. (...)  Leia mais...

Inatingível

O que sou eu, gritei um dia para o infinito E o meu grito subiu, subiu sempre Até se diluir na distância. Um pássaro no alto planou vôo E mergulhou no espaço. Eu segui porque (...)  Leia mais...

Introspecção

Nuvens lentas passavam Quando eu olhei o céu. Eu senti na minha alma a dor do céu Que nunca poderá ser sempre calmo. Quando eu olhei a árvore perdida Não vi ninhos nem (...)  Leia mais...

Invocação à mulher única

Tu, pássaro - mulher de leite! Tu que carregas as lívidas glândulas do amor acima do sexo infinito Tu, que perpetuas o desespero humano - alma desolada da noite sobre o frio das águas - tu (...)  Leia mais...

Itaoca

Serenamente pousada Sobre a montanha elevada Como um ninho de poesia, A casa branca e pequena É como a mansão serena Da luz, da paz, da alegria! Ó viajante (...)  Leia mais...

Jogo de empurra

Os escravos de Gê Gostavam de jogar Ponto, banca Quem jogou em 30, dá Parceiro com parceiro Pif, pif, pif, paf! Os escravos de Gê Gostavam de roubar Tira, (...)  Leia mais...

Jogos e folguedos: Maria Mulata

Aos coros infantis Sempre preferia Os jogos de Maria Mexendo os quadris. - Maria, levanta a saia Maria, suspende o braço Maria, me dá um cheirinho Do (...)  Leia mais...

José

Se coubessem mil coisas num só dia E se ele não fosse um só, mas fosse mil Pelo Faux monnaieurs!!! Não haveria Quem fizesse mais coisas no Brasil Um romance, um (...)  Leia mais...

Judeu errante

Hei de seguir eternamente a estrada Que há tanto tempo venho já seguindo Sem me importar com a noite que vem vindo Como uma pavorosa alma penada. Sem fé na redenção, sem (...)  Leia mais...

Lamento ouvido não sei onde

Minha mãe, toma cuidado Não zanga assim com meu pai Um dia ele vai-se embora E não volta nunca mais. O mau filho à casa torna Mãe... nem carece tornar Mas pai que (...)  Leia mais...

Lapa de Bandeira

(Quinta rima) A Manuel Bandeira Existia, e ainda existe Um certo beco na Lapa Onde assistia, não assiste Um poeta no fundo triste No alto de (...)  Leia mais...

Lápide de Sinhazinha Ferreira

A vida sossega Lírios em repouso Adormecestes cega Na visão do esposo. A paixão é pouso Que a treva não nega A morte carrega E o sono dá gozo. Não vos (...)  Leia mais...

Lembrete

A nunca esquecer: as manhãs Da infância, os pães alemães             A sala escura Na casa da rua Voluntários Da Pátria, lar de funcionários             Da prefeitura. (...)  Leia mais...

Lisboa tem terremoto... (s/ título)

Lisboa tem terremoto Porém, em compensação Tem muitas cores no céu Muitos amores no chão Tem, numa casa pequena O poeta Alexandre O'Neill E a bela Karla morena Na (...)  Leia mais...

Lopes Quintas

"A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espiando de noite Quando a minha angústia passa olhando a noite"  Leia mais...

Madrigal

Nem os ruídos do mar, nem os do céu, nem as modulações frescas Da campina; nem os ermos da noite sussurrando sossegos na sombra, nem os cantos votivos da morte, nem as palavras de amor lentas, (...)  Leia mais...

Mar

Na melancolia de teus olhos Eu sinto a noite se inclinar E ouço as cantigas antigas           Do mar. Nos frios espaços de teus braços Eu me perco em carícias de água (...)  Leia mais...

Marina

Lembras-te das pescarias Nas pedras das Três-Marias      Lembras-te, Marina? Na navalha dos mariscos Teus pés corriam ariscos      Valente menina! Crescia na (...)  Leia mais...

Marinha

Na praia de coisas brancas Abrem-se às ondas cativas Conchas brancas, coxas brancas            Águas-vivas. Aos mergulhares do bando Afloram perspectivas Redondas, se (...)  Leia mais...

Mário

Entre meditabundo e solonento Sobre a fofa delícia da almofada Ele vai perseguindo na jornada Através o Ottocento e o Novecento Não o tires dali que dá pancada Todo o (...)  Leia mais...

Máscara mortuária de Graciliano Ramos

Feito só, sua máscara paterna, Sua máscara tosca, de acre-doce Feição, sua máscara austerizou-se Numa preclara decisão eterna. Feito só, feito pó, desencantou-se (...)  Leia mais...

Medo de amar

O céu está parado, não conta nenhum segredo A estrada está parada, não leva a nenhum lugar A areia do tempo escorre de entre meus dedos         Ai que medo de amar! O sol (...)  Leia mais...

Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto

Hoje a pátina do tempo cobre também o céu de outono Para o teu enterro de anjinho, menino morto Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. Berçam-te o sono essas velhas pedras por onde (...)  Leia mais...

Mensagem à poesia

Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao (...)  Leia mais...

Mensagem a Rubem Braga

Os doces montes cônicos de feno (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.) A meu amigo Rubem Braga Digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem (...)  Leia mais...

Meu coração se perde de carinho... (s/ título)

Meu coração se perde de carinho Por ti, ó pássaro oculto na noite! Tua voz pressaga é também uma elegia Sem mistérío; a morte de todas as coisas. Vive no teu soluço de (...)  Leia mais...

Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos manchados de terra... (s/ título)

Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos manchados de terra Dá-me o teu antigo paletó sujo de ventos e de chuvas Dá-me o imemorial chapéu com que cobrias a tua paciência E os (...)  Leia mais...

Meus caros, volta-se porque se tem saudade... (s/ título)

Meus caros, volta-se porque se tem saudade Porque se foi feliz intimamente Volta-se porque se tocou num inocente E porque se encontrou tranqüilidade A despeito da vida que (...)  Leia mais...

Minha cabeça pesada balança,... (s/ título)

Minha cabeça pesada balança, rola, e sai vagando pela casa como um astro penado E a sinto examinando os velhos quadros familiares com um olhar que eu desconheço na sua fisionomia Aqui, (...)  Leia mais...

Minha mãe

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo Tenho medo da vida, minha mãe. Canta a doce cantiga que cantavas Quando eu corria doido ao teu regaço Com medo dos fantasmas do telhado. (...)  Leia mais...

Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer... (s/ título)

Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer Eu quero ir para o céu. Fala com são Francisco também, providencia Conta minha infância, quando como o tempo Em que você falava (...)  Leia mais...

Místico

O ar está cheio de murmúrios misteriosos E na névoa clara das coisas há um vago sentido de espiritualização… Tudo está cheio de ruídos sonolentos Que vêm do céu, que vêm do chão E (...)  Leia mais...

Mormaço

No silêncio morno das coisas do meio-dia Eu me esvaio no aniquilamento dos agudíssimos do violino Que a menina pálida estuda há anos sem compreender. Eu sinto o letargo das (...)  Leia mais...

Morro de sede! a minha ânsia... (s/ título)

Morro de sede! a minha ânsia Não pode mais Dêem-me água fria, dêem-me leite Dêem-me morangos verdes, verdes Dêem-me a boquinha de Yayá. Meu corpo todo sente a falta. (...)  Leia mais...

Na esperança de teus olhos

Eu ouvi no meu silêncio o prenúncio de teus passos Penetrando lentamente as solidões da minha espera E tu eras, Coisa Linda, me chegando dos espaços Como a vinda impressentida de uma (...)  Leia mais...

Namorados no mirante *

Eles eram mais antigos que o silêncio A perscrutar-se intimamente os sonhos Tal como duas súbitas estátuas Em que apenas o olhar restasse humano. Qualquer toque, por certo, (...)  Leia mais...

Não comerei da alface a verde pétala

Não comerei da alface a verde pétala Nem da cenoura as hóstias desbotadas Deixarei as pastagens às manadas E a quem mais aprouver fazer dieta. Cajus hei de chupar, (...)  Leia mais...

Natal

De repente o sol raiou E o galo cocoricou: - Cristo nasceu! O boi, no campo perdido Soltou um longo mugido: - Aonde? Aonde? Com seu balido tremido (...)  Leia mais...

Natal

A grande ocorrência Que nos conta o sino É que, na indigência Nasceu um menino. Mil e novecentos E cinqüenta e três Anos são peremptos Dessa meninez. (...)  Leia mais...

Natureza humana

Cheguei. Sinto de novo a natureza Longe do pandemônio da cidade Aqui tudo tem mais felicidade Tudo é cheio de santa singeleza Vagueio pela múrmura leveza Que deslumbra de (...)  Leia mais...

Nessa sala perdida na Inglaterra... (s/ título)

Nessa sala perdida na Inglaterra Vivo entre coisas mortas, vivo e mudo Poeta louco e triste, eu te saúdo No teu quarto de século na terra Não te valha essa máscara de estudo (...)  Leia mais...

No momento que a morte me viu... (s/ título)

No momento que a morte me viu E a cidade enorme calou um segundo para assistir ao último transe da minha agonia Alguém me deu a mão na rua E eu me voltando vi meu amigo Rainer Maria (...)  Leia mais...

Notícia d' "O século"

Nas terras do Geraz Que compreendem três populosas freguesias O povo ainda se mostra sucumbido Com o bárbaro crime do lavrador Manuel da Névoa E é curioso notar que ao toque das (...)  Leia mais...

Noturnamente - se me lembro!... (s/ título)

Noturnamente - se me lembro! como que a estranha carga se diluía de meus ombros ante as irradiações esplêndidas E desembaraçado eu seguia através as cidades se abrindo ao sésamo misterioso do (...)  Leia mais...

O "Margarida's"

A.D. Margarida, pelos seus bons pratos, pelos seus bons tratos A cavaleiro de um bonito vale Em Petrópolis, ao fim de umas subidas Há um hotel que dá margem a (...)  Leia mais...

O amor dos homens

Na árvore em frente Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar. Acordarás feliz sob o lençol de (...)  Leia mais...

O anjo das pernas tortas

A Flávio Porto A um passe de Didi, Garrincha avança Colado o couro aos pés, o olhar atento Dribla um, dribla dois, depois descansa Como a medir o lance do momento. (...)  Leia mais...

O apelo

Que te vale, minha alma, essa paisagem fria Essa terra onde parecem repousar virgens distantes? Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes Esse ar onde as nuvens se (...)  Leia mais...

O assassino

Meninas de colégio Apenas acordadas Desuniformizadas Em vossos uniformes Anjos longiformes De faces rosadas E pernas enormes Quem vos acompanha? Quem vos (...)  Leia mais...

O bergantim da aurora

Velho, conheces por acaso o bergantim da aurora Nunca o viste passar quando a saudade noturna te leva para o convés imóvel dos rochedos? Há muito tempo ele me lançou sobre uma praia (...)  Leia mais...

O bom ladrão

São horas, inclina o teu doloroso rosto sobre a visão da velha paisagem quieta Passeia o teu mais fundo olhar sobre os brancos horizontes onde há imagens perdidas Afaga num derradeiro (...)  Leia mais...

O bom pastor

Amo andar pelas tardes sem som, brandas, maravilhosas Com riscos de andorinhas pelo céu. Amo ir solitário pelos caminhos Olhando a tarde parada no tempo Parada no céu como um (...)  Leia mais...

O cadafalso

Eu caí de joelhos diante do amor transtornado do teu rosto Estavas alta e imóvel - mas teus seios vieram sobre mim e me feriram os olhos E trouxeram sangue ao ar onde a tempestade (...)  Leia mais...

O camelô do amor

Parai tudo o que estais fazendo, homens de gravata e sem gravata, funcionários burocráticos e deambulantes, mercadores e fregueses, professores e alunos, íncubos e súcubos - e escutai o que eu vos (...)  Leia mais...

O camelô do amor (poesia)

O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor que o Amor para as moléstias do couro (...)  Leia mais...

O cemitério na madrugada

Às cinco da manhã a angústia se veste de branco E fica como louca, sentada, espiando o mar... É a hora em que se acende o fogo-fátuo da madrugada Sobre os mármores frios, frios e frios (...)  Leia mais...

O corpo da amiga na sombra é um mistério de Deus... (s/ título)

O corpo da amiga na sombra é um mistério de Deus É teu corpo, amada? são teus seios, é tua clara clara risada Na sombra? não fujas... és um... um nenúfar Aberto à água mansa.  Leia mais...

O corta-jaca

Rattus rattus rattus (Pelas sarjetas de Ipanema e do Leblon) Rattus rattus rattus (Estupefatos gatos fogem de pavor) Rattus rattus rattus A tua louca simetria Rói a (...)  Leia mais...

O crocodilo

O crocodilo que do Nilo Ainda apavora a cristandade Pode ser dócil como o filho Que chora ao ver-se desamado. Mas nunca como ele injusto Que se ergue hediondo de manhã (...)  Leia mais...

O dia da criação

Macho e fêmea os criou. Bíblia: Gênese, 1, 27 I Hoje é sábado, amanhã é domingo A vida vem em ondas, como o mar Os (...)  Leia mais...

O elefantinho

Onde vais, elefantinho Correndo pelo caminho Assim tão desconsolado? Andas perdido, bichinho Espetaste o pé no espinho Que sentes, pobre coitado? - Estou com um medo (...)  Leia mais...

O eleito

Quando eu era menor na grande moradia De minha avó materna e de meu pobre avô Muitas vezes senti, como alguém que sonhou Pesar sobre meu corpo o olhar da minha tia
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O escândalo da rosa

Oh rosa que raivosa Assim carmesim Quem te fez zelosa O carme tão ruim? Que anjo ou que pássaro Roubou tua cor Que ventos passaram Sobre o teu pudor Coisa (...)  Leia mais...

O escravo

J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans. Baudelaire A grande Morte que cada um traz em si. Rilke Quando a tarde veio o vento veio e eu segui (...)  Leia mais...

O espectro da rosa

Juntem-se vermelho Rosa, azul e verde E quebrem o espelho Roxo para ver-te Amada anadiômena Saindo do banho Qual rosa morena Mais chá que laranja. E salte (...)  Leia mais...

O falso mendigo

Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda Quero fazer uma poesia. Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado E me trazer muito devagarinho. Não corram, não (...)  Leia mais...

O filho do homem

O mundo parou A estrela morreu No fundo da treva O infante nasceu. Nasceu num estábulo Pequeno e singelo Com boi e charrua Com foice e martelo. Ao lado do (...)  Leia mais...

O gato

Com um lindo salto Lesto e seguro O gato passa Do chão ao muro Logo mudando De opinião Passa de novo Do muro ao chão E pega corre Bem de mansinho Atrás de (...)  Leia mais...

O girassol

"Sempre que o sol Pinta de anil Todo o ce O girassol Fica um gentil Carrossel"  Leia mais...

O haver

" Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo - Perdoai-os! Porque eles não têm culpa de ter nascido..."  Leia mais...

O incriado

Distantes estão os caminhos que vão para o Tempo - outro luar eu vi passar na altura Nas plagas verdes as mesmas lamentações escuto como vindas da eterna espera O vento ríspido agita (...)  Leia mais...

O infinito de Leopardi

Sempre cara me foi esta colina Erma, e esta sebe, que de tanta parte Do último horizonte, o olhar exclui. Mas sentado a mirar, intermináveis Espaços além dela, e sobre-humanos (...)  Leia mais...

O maestro Villa-Lobos fixa-se na eternidade

Na verdade, Mestre, não morreste. A morte apenas abriu para o teu vulto O seu nicho de treva, de modo a que melhor pudesses Brilhar em tua glória. Não precisavas Da morte para (...)  Leia mais...

O mágico

Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a curiosidade do mistério abriu (...)  Leia mais...

O mal de Nava

Meu Deus, que tédio Que me devora Não sei se fique Se vá me embora Morrer? Se morro Quem me dá vida? Chorar? Se choro Quem me consola? Sinto fantasmas (...)  Leia mais...

O marimbondo

Marimbondo o furibundo Vai mordendo meio mundo Cuidado com o marimbondo Que esse bicho morde fundo! - Eta bicho danado! Marimbondo De chocolat Saia daqui (...)  Leia mais...

O mergulhador

E il naufragar m'è dolce in questo mare Leopardi Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos No líquido luar tateiam a coisa a vir Assim, dentro do ar, meus lentos (...)  Leia mais...

O Morro do Castelo

(A lira que não escreveu Gonzaga) Numa qualquer madrugada De uma qualquer quarta-feira O homem de pouca fé Faz uma barba ligeira (Que coisa estranha é ter (...)  Leia mais...

O mosquito

O mundo é tão esquisito: Tem mosquito. Por que, mosquito, por que Eu... e você? Você é o inseto Mais indiscreto Da Criação Tocando fino Seu violino Na (...)  Leia mais...

O mosquito

Parece mentira De tão esquisito: Mas sobre o papel O feio mosquito Fez sombra de lira!  Leia mais...

O namorado das ruas

"Eu sou doido por Alice Mas confesso que a meiguice De Conceição me alucina. Lucília não me dá folga Porém que amor é Bambina."  Leia mais...

O nascimento do homem

I E uma vez, quando ajoelhados assistíamos à dança nua das auroras Surgiu do céu parado como uma visão de alta serenidade Uma branca mulher de (...)  Leia mais...

O olhar para trás

Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte palpitante... Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha fatalidade (...)  Leia mais...

O ônibus Greyhound atravessa o Novo México

Terra seca árvore seca E a bomba de gasolina Casa seca paiol seco E a bomba de gasolina Serpente seca na estrada E a bomba de gasolina Pássaro seco no fio (E a bomba de (...)  Leia mais...

O operário em construção

"Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam na mão"  Leia mais...

O outro

Às vezes, na hora trêmula em que os espaços desmancham-se em neblina E a gaze da noite se esgarça suspensa na bruma dormente Eu sinto sobre o meu ser uma presença estranha que me faz (...)  Leia mais...

O peixe espada

Quando um peixe-espada Vê outro peixe-espada Pensam que eles brigam? Qual brigam qual nada! Poderão no máximo Brincar de duelo Mas brigar só brigam Com o (...)  Leia mais...

O pingüim

Bom-dia, Pingüim Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu-jaca Ou (...)  Leia mais...

O poeta

A vida do poeta tem um ritmo diferente É um contínuo de dor angustiante. O poeta é o destinado do sofrimento Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza E a sua alma é uma (...)  Leia mais...

O poeta

Olhos que recolhem Só tristeza e adeus Para que outros olhem Com amor os seus. Mãos que só despejam Silêncios e dúvidas Para que outras sejam Das suas, viúvas. (...)  Leia mais...

O poeta

I Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze terras (...)  Leia mais...

O poeta e a lua

Em meio a um cristal de ecos O poeta vai pela rua Seus olhos verdes de éter Abrem cavernas na lua. A lua volta de flanco Eriçada de luxúria O poeta, aloucado e branco (...)  Leia mais...

O poeta e a rosa

( E com direito a passarinho) Ao ver uma rosa branca O poeta disse: Que linda! Cantarei sua beleza Como ninguém nunca ainda! Qual não é sua surpresa (...)  Leia mais...

O poeta em trânsito ou o filho pródigo

Acordarei as aves que, noturnas Por medo à treva calam-se nos galhos E aguardam insones o romper da aurora. Despertarei os bêbados nos pórticos Os cães sonâmbulos e os gerais (...)  Leia mais...

O poeta Hart Crane suicida-se no mar

Quando mergulhaste na água Não sentiste como é fria Como é fria assim na noite Como é fria, como é fria? E ao teu medo que por certo Te acordou da nostalgia
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O poeta na madrugada

Quando o poeta chegou à cidade A aurora vinha clareando o céu distante E as primeiras mulheres passavam levando cântaros cheios. Os olhos do poeta tinham as claridades da aurora E (...)  Leia mais...

O prisioneiro

Eu cerrei brandamente a janela sobre a noite quieta E fiquei sozinho e parado, longe de tudo. Nenhuma percepção - talvez uma leve sensação de frio no vento E uma vaga visão de objetos (...)  Leia mais...

O rio

Uma gota de chuva A mais, e o ventre grávido Estremeceu, da terra. Através de antigos Sedimentos, rochas Ignoradas, ouro Carvão, ferro e mármore Um fio (...)  Leia mais...

O riso

Aquele riso foi o canto célebre Da primeira estrela, em vão. Milagre de primavera intacta No sepulcro de neve Rosa aberta ao vento, breve Muito breve... Não, aquele (...)  Leia mais...

O sacrifício do vinho

Contra o crepúsculo O vinho assoma, exulta, sobreleva Muda o cristal da tarde em rubra pompa Ganha som, ganha sangue, ganha seios Contra o crepúsculo o vinho Menstrua a (...)  Leia mais...

O tempo nos parques

O tempo nos parques é íntimo, inadiável, imparticipante, imarcescível. Medita nas altas frondes, na última palma da palmeira Na grande pedra intacta, o tempo nos parques. O tempo nos (...)  Leia mais...

O terceiro filho

Em busca dos irmãos que tinham ido Eu parti com pouco ouro e muita bênção Sob o olhar dos pais aflitos. Eu encontrei os meus irmãos Que a ira do Senhor transformou em pedra Mas (...)  Leia mais...

O único caminho

No tempo em que o Espírito habitava a terra E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte Eu ainda não tinha aparecido. Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças E (...)  Leia mais...

O vale do paraíso

Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor das encostas Será como (...)  Leia mais...

O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar O amor em carne e a carne em amor; nascer Respirar, e chorar, e adormecer E se nutrir para poder chorar Para poder nutrir-se; e despertar (...)  Leia mais...

Ode a maio

Maio dançarino! abre tuas asas diáfanas Sobre as corolas nascituras; limpa os céus De azul; aclara e alegra as águas do mundo Jovem, doce Maio! enxota as frutas Com teu bafo de (...)  Leia mais...

Of God and gold

As gold breeds misery Misery breeds light That makes the stones glare For the pauper's delight. Light is but the pauper's gold Stones are but rocks That pave the (...)  Leia mais...

Olhe aqui, Mr. Buster *

* Este poema é dedicado a um americano simpático, extrovertido e podre de rico, em cuja casa estive poucos dias antes de minha volta ao Brasil, depois de cinco anos de Los Angeles, EUA. Mr. (...)  Leia mais...

Olhos mortos

Algum dia esses olhos que beijavas tanto Numa carícia sem mistérios Olharão para o céu e pararão. Nesse dia nem o teu beijo angelizante Poderá novamente despertá-los. A luz que (...)  Leia mais...

Os acrobatas

Subamos! Subamos acima Subamos além, subamos Acima do além, subamos! Com a posse física dos braços Inelutavelmente galgaremos O grande mar de estrelas Através de (...)  Leia mais...

Os bens imóveis

Sua ausência... a asa Roça-me, do pranto... Por ela, em meu canto Chorei tanto, tanto... - Não é mesmo, Casa? Que inútil tristeza A vida sem ela... Lembra (...)  Leia mais...

Os inconsoláveis

Desesperados vamos pelos caminhos desertos Sem lágrimas nos olhos Desesperados buscamos constelações no céu enorme E em tudo, a escuridão. Quem nos levará à claridade Quem nos (...)  Leia mais...

Os malditos

(A aparição do poeta) Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos (...)  Leia mais...

Os quatro elementos

I - O FOGO O sol, desrespeitoso do equinócio Cobre o corpo da Amiga de desvelos Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pêlos
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Otávio

Torce a boca, olha as coisas abstrato Percorre da varanda os quatro cantos E tirando do corpo um carrapato Imagina o romance mil e tantos... Logo após olha o mundo e o vê (...)  Leia mais...

P(B)A(O)I

A Carlos Drummond de Andrade, que com seu só título Boitempo me deu a chave deste poema Pai Modorrando de tarde na cadeira De balanço, a cabeça cai-não-cai. (...)  Leia mais...

Paisagem

Subi a alta colina Para encontrar a tarde Entre os rios cativos A sombra sepultava o silêncio. Assim entrei no pensamento Da morte minha amiga Ao pé da grande montanha (...)  Leia mais...

Parte, e tú verás

Parte, e tu verás Como as coisas que eram, não são mais E o amor dos que te esperam Parece ter ficado para trás E tudo o que te deram Se desfaz. Parte, e tu verás (...)  Leia mais...

Patético

Está ausente. Ausente como as vozes da minha infância E muda - eu lhe dou adeus de todos os espaços Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a distância nas casas (...)  Leia mais...

Pátria minha

"Não te direi o nome, pátria minha teu nome é pátria amada, é patriazinha Não rima com mãe gentil Vives em mim como uma filha ,que és Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez"  Leia mais...

Pensée de Desespoir

Pousa docemente a cabeça Sobre a brancura do teu leito Pensa-te imóvel e perfeito Antes que a grande noite desça Diz-te que a morte será breve Sem música e sem poesia (...)  Leia mais...

Perdoai-me, meus amigos,... (s/ título)

Perdoai-me, meus amigos, a minha súbita vontade de chorar em vosso mágico convívio Eu tenho vontade de chorar sobre a minha súbita inocência. Tenho também (eu vos confesso) Vontade de (...)  Leia mais...

Pescador

Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas Ouço a água ponteando no peito da tua (...)  Leia mais...

Poema de aniversário

Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte...       Eu quisera dar-te, ademais dos (...)  Leia mais...

Poema de Ano-Novo

É preciso que nos encontremos diante do amor como as árvores fêmeas cuja raiz é a mesma e se perde na terra profana É preciso... a tristeza está no fundo de todos os sentimentos como a lágrima (...)  Leia mais...

Poema de Auteil

A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira com o nome de um pintor estrangeiro. Eu (...)  Leia mais...

Poema de Natal

Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o (...)  Leia mais...

Poema desentranhado da história dos particípios

(Do urianismo dos verbos ter e haver) A partir do século XVI Os verbos ter e haver esvaziaram-se de sentido Para se tornarem exclusivamente auxiliares E os (...)  Leia mais...

Poema enjoadinho

Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de mar Diz que é (...)  Leia mais...

Poema feito para chegar aos ouvidos de Santa Teresa

Não quero ir pro inferno Santa Teresinha Quero é ir pro céu Que é boa terrinha Mas se eu for pro céu Você me procura? Você me namora, Santa Teresinha? Você (...)  Leia mais...

Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique

Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e mais sonda na bexiga E (...)  Leia mais...

Poema nº três em busca da essência

Do amor como do fruto. (Sonhos dolorosos das ermas madrugadas acordando…) Nas savanas a visão dos cactos parados à sombra dos escravos - as negras mãos no ventre luminoso das jazidas Do (...)  Leia mais...

Poema para Candinho Portinari em sua morte cheia de azuis e rosas

Lá vai Candinho! Pra onde ele vai? Vai pra Brodóvski Buscar seu pai. Lá vai Candinho! Pra onde ele foi? Foi pra Brodóvski Juntar seu boi. Lá vai Candinho! (...)  Leia mais...

Poema para Gilberto Amado

O homem que pensa Tem a fronte imensa Tem a fronte pensa Cheia de tormentos. O homem que pensa Traz nos pensamentos Os ventos preclaros Que vêm das origens. O homem (...)  Leia mais...

Poemas para todas as mulheres

No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre E se embebedam do perfume do teu sexo. Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado Confuso, criança para (...)  Leia mais...

Poética

De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte.
Leia mais...

Poética ( II )

Com as lágrimas do tempo E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia. E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua arquitetura. Não sei (...)  Leia mais...

Pôr-do-sol em Itatiaia

Nascentes efêmeras Em clareiras súbitas Entre as luzes tardas Do imenso crepúsculo. Negros megalitos Em doce decúbito Sob o peso frágil Da (...)  Leia mais...

Praia do Pinto

Ao pé da praia do Pinto Existe uma favelinha Levantada em lama e zinco. Foi lá que, junto à Lagoa Num falado amanhecer Se encontraram dois malandros Com muita entrada (...)  Leia mais...

Pressentimento

Deixa dormir na tua porta o sono, poeta apascentado pela Lua Seus seios bebem teu sangue para alimentar os anjos Ouve as flores, sente como as suas minúsculas tetas de perfume Palpitam (...)  Leia mais...

Princípio

Na praia sangrenta a gelatina verde das algas - horizontes! Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma... ) O mar... A música que sobe ao (...)  Leia mais...

Provavelmente não virei montado... (s/ título)

Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do silêncio. É possível até (...)  Leia mais...

Purificação

Senhor, logo que eu vi a natureza As lágrimas secaram. Os meus olhos pousados na contemplação Viveram o milagre de luz que explodia no céu. Eu caminhei, Senhor. Com as (...)  Leia mais...

Quando me ergui ela dormia, nua... (s/ título)

Quando me ergui ela dormia, nua E sorria, em seu sono desmaiada Tinha a face longínqua e iluminada E alto, seu sexo sugava a Lua. Toquei-a, ela fremiu, gemeu, na sua (...)  Leia mais...

Quatro sonetos de meditação

I Mas o instante passou. A carne nova Sente a primeira fibra enrijecer E o seu sonho infinito de morrer Passa a caber no berço de uma (...)  Leia mais...

Que hei de fazer de mim,... (s/ título)

Que hei de fazer de mim, neste quarto sozinho Apavorado, lancinado, corrompido A solidão ardendo em meu corpo despido E em volta apenas trevas e a imagem do carinho! (...)  Leia mais...

Quem, quem depois... (s/ título)

Quem, quem depois Abrirá as portas sobre o imensurável? Quem compreenderá a aurora Em seu mais íntimo e elementar silêncio? Quem descerá as pontes levadiças Do Sol sobre (...)  Leia mais...

Quietação

No espaço claro e longo O silêncio é como uma penetração de olhares calmos... Eu sinto tudo pousado dentro da noite E chega até mim um lamento contínuo de árvores curvas. Como (...)  Leia mais...

Rancho das flores

Entre as prendas com que a natureza Alegrou este mundo onde há tanta tristeza A beleza das flores realça em primeiro lugar É um milagre De aroma florido Mais lindo que toda as (...)  Leia mais...

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture Em tudo isso (...)  Leia mais...

Redondilhas a Laranjeiras

Laranjeiras pequenina Carregadinha de flor Eu também estou dando pássaros Eu também estou dando flores Eu também estou dando frutos Eu também estou dando amor.  Leia mais...

Redondilhas para Tati

Sem ti vivo triste e só (Bastasse o que já sofri... ) Sem ti sou ermo, sou pó Sou tristeza por aí... Sem ti... ah, dizer-te a ti! Mas se me cerra o gogó Como se (...)  Leia mais...

Repto

Vossos olhos raros Jovens guerrilheiros Aos meus, cavalheiros Fazem mil reparos... Se entendeis amor Com vero brigar Combates de olhar Não quero propor. Sei de (...)  Leia mais...

Retrato de Maria Lúcia

Tu vens de longe; a pedra Suavizou seu tempo Para entalhar-te o rosto Ensimesmado e lento Teu rosto como um templo Voltado para o oriente Remoto como o nunca (...)  Leia mais...

Retrato de Maria Lúcia (II)

Talvez de uma campina Onde a tarde rupestre Incendiasse o sílex Do caminho agreste Na antiga Palestina Ou ao longo do Nilo Princesa ou campesina Silenciosa e (...)  Leia mais...

Retrato, à sua maneira

(João Cabral de Melo Neto) Magro entre pedras Calcárias possível Pergaminho para A anotação gráfica O grafito Grave Nariz poema o Fêmur fraterno (...)  Leia mais...

Revolta

Alma que sofres pavorosamente A dor de seres privilegiada Abandona o teu pranto, sê contente Antes que o horror da solidão te invada. Deixa que a vida te possua ardente Ó (...)  Leia mais...

Romanza

Branca mulher de olhos claros De olhar branco e luminoso Que tinhas luz nas pupilas E luz nos cabelos louros Onde levou-te o destino Que te afastou para longe Da minha (...)  Leia mais...

Rosário

E eu que era um menino puro Não fui perder minha infância No mangue daquela carne! Dizia que era morena Sabendo que era mulata Dizia que era donzela Nem isso não era ela (...)  Leia mais...

Rua da amargura

A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espiando de noite Quando a minha angústia passa olhando o alto. A minha rua tem avenidas (...)  Leia mais...

Sacrifício

Num instante foi o sangue, o horror, a morte na lama do chão. - Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta. No ódio do monstro que (...)  Leia mais...

Sacrifício da Aurora

Um dia a Aurora chegou-se Ao meu quarto de marfim E com seu riso mais doce Deitou-se junto de mim Beijei-lhe a boca orvalhada E a carne tímida e exangue A carne não tinha (...)  Leia mais...

Salta como um fauno puro ou um sapo... (s/ título)

Salta como um fauno puro ou um sapo miraculoso por entre os raios do sol frenético Distribuindo alegres e bem-soantes palavrões para protestantes e católicos Urina sobre as escadarias dos (...)  Leia mais...

Santa Maria tem terras... (s/ título)

Santa Maria tem terras Como outras iguais não há Tem pastagens, tem florestas Onde canta o sabiá Deus permita que, voltando Muito mais tempo eu lá fique "Gozando" a (...)  Leia mais...

Saudade de Manuel Bandeira

Não foste apenas um segredo De poesia e de emoção Foste uma estrela em meu degredo Poeta, pai! áspero irmão. Não me abraçaste só no peito Puseste a mão na minha mão (...)  Leia mais...

Senhor, eu não sou digno

Para que cantarei nas montanhas sem eco As minhas louvações? A tristeza de não poder atingir o infinito Embargará de lágrimas a minha voz. Para que entoarei o salmo harmonioso (...)  Leia mais...

Sinos de Oxford

Cantai, sinos, sinos Cantai pelo ar Que tão puros, nunca Mais ireis cantar Cantai leves, leves E logo vibrantes Cantai aos amantes E aos que vão amar. Levai (...)  Leia mais...

Sinto-me só como um seixo de praia

Sinto-me só como um seixo de praia Vivendo à busca no cristal das ondas, Não sei se sou o que não sou. Pressinto Que a maré vai morar no fundo d'alma. Calo-me sempre se te (...)  Leia mais...

Solidão

Desesperança das desesperanças... Última e triste luz de uma alma em treva... - A vida é um sonho vão que a vida leva Cheio de dores tristemente mansas. - É mais belo o fulgor (...)  Leia mais...

Solilóquio

Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros E amargue em meu coração a descrença. Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! - algum dia, em alguma parte Hei de lançar (...)  Leia mais...

Sombra e luz

I Dança Deus! Sacudindo o mundo Desfigurando estrelas Afogando o mundo Na cinza dos céus Sapateia, Deus Negro na noite (...)  Leia mais...

Sonata do amor perdido

LAMENTO nº 1 Onde estão os teus olhos - onde estão? - Oh - milagre de amor que escorres dos meus olhos! Na água iluminada dos rios da lua eu os vi (...)  Leia mais...

Sonetinho a Portinari

O pintor pequeno O grande pintor Ruim como um veneno Bom como uma flor Vi-o da Inglaterra Uma tarde, vi-o No ermo, vadio Brodóvski onde a terra (...)  Leia mais...

Soneto a Katherine Mansfield

O teu perfume, amada - em tuas cartas Renasce, azul... - são tuas mãos sentidas! Relembro-as brancas, leves, fenecidas Pendendo ao longo de corolas fartas.
Leia mais...

Soneto a Lasar Segall

De inescrutavelmente no que pintas Como num amplo espaço de agonias Imarcescível música de tintas A arder na lucidez das coisas frias: Tão patéticas sois, tão (...)  Leia mais...

Soneto à lua

Por que tens, por que tens olhos escuros E mãos lânguidas, loucas e sem fim Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim Impuro, como o bem que está nos puros?
Leia mais...

Soneto a Otávio de Faria

Não te vira cantar sem voz, chorar Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas Desencantar, e mudo recolhê-las Para lançá-las fulgurando ao mar? Não te vira no bojo (...)  Leia mais...

Soneto a Oxford

Ó Oxford, prende o sol em tuas pontas Góticas; dormem divinas harmonias Em tuas torres puras e sombrias E em teus jardins de grandes flores tontas. O eterno farfalhar de (...)  Leia mais...

Soneto a Pablo Neruda

Quantos caminhos não fizemos juntos Neruda, meu irmão, meu companheiro... Mas este encontro súbito, entre muitos Não foi ele o mais belo e verdadeiro? Canto (...)  Leia mais...

Soneto a quatro mãos

(com Paulo Mendes Campos) Tudo de amor que existe em mim foi dado. Tudo que fala em mim de amor foi dito. Do nada em mim o amor fez o infinito Que por muito (...)  Leia mais...

Soneto ao caju

Amo na vida as coisas que têm sumo E oferecem matéria onde pegar Amo a noite, amo a música, amo o mar Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo. Por isso amo o (...)  Leia mais...

Soneto ao inverno

Inverno, doce inverno das manhãs Translúcidas, tardias e distantes Propício ao sentimento das irmãs E ao mistério da carne das amantes: Quem és, que transfiguras (...)  Leia mais...

Soneto com pássaro e avião

De "O grande desastre do six-motor francês Leonel de Marmier, tal como foi visto e vivido pelo poeta Vinicius de Moraes, passageiro a bordo" Uma coisa é um (...)  Leia mais...

Soneto da desesperança

De não poder viver sua esperança Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho Secreto, onde ao sabor do seu capricho Fugisse a vê-la como uma criança. Tão cauteloso fez-se (...)  Leia mais...

Soneto da espera

Aguardando-te, amor, revejo os dias Da minha infância já distante, quando Eu ficava, como hoje, te esperando Mas sem saber ao certo se virias. E é bom ficar (...)  Leia mais...

Soneto da hora final

Será assim, amiga: um certo dia Estando nós a contemplar o poente Sentiremos no rosto, de repente O beijo leve de uma aragem fria. Tu me olharás silenciosamente (...)  Leia mais...

Soneto da Ilha

Eu deitava na praia, a cabeça na areia Abria as pernas aos alísios e ao luar Tonto de maresia; e a mão da maré cheia Vinha coçar meus pés com seus dedos de mar.
Leia mais...

Soneto da madrugada

Pensar que já vivi à sombra escura Desse ideal de dor, triste ideal Que acima das paixões do bem e do mal Colocava a paixão da criatura! Pensar que essa paixão, flor de (...)  Leia mais...

Soneto da maioridade

O Sol, que pelas ruas da cidade Revela as marcas do viver humano Sobre teu belo rosto soberano Espalha apenas pura claridade. Nasceste para o Sol; és mocidade Em plena (...)  Leia mais...

Soneto da mulher ao sol

Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz A flor dos lábios entreaberta para o beijo A pele a fulgurar todo o pólen da luz. Uma (...)  Leia mais...

Soneto da mulher casual

Por não seres aquela que eu buscava Nem do meu ontem nada recordares, Por não haver, aquém e além dos mares, Alguém mais relva e seda, avena e lava; Por o efêmero e o vão (...)  Leia mais...

Soneto da mulher inútil

De tanta graça e de leveza tanta Que quando sobre mim, como a teu jeito Eu tão de leve sinto-te no peito Que o meu próprio suspiro te levanta. Tu, contra quem me (...)  Leia mais...

Soneto da rosa

Mais um ano na estrada percorrida Vem, como o astro matinal, que a adora Molhar de puras lágrimas de aurora A morna rosa escura e apetecida. E da fragrante tepidez sonora (...)  Leia mais...

Soneto da rosa tardia

Como uma jovem rosa, a minha amada... Morena, linda, esgalga, penumbrosa Parece a flor colhida, ainda orvalhada Justo no instante de tornar-se rosa. Ah, porque (...)  Leia mais...

Soneto de agosto

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados Amamos, vagamente surpreendidos Pelo ardor com que estávamos unidos Nós que andávamos sempre separados. Espantei-me, (...)  Leia mais...

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos Amadureçam as ilusões da vida Prossiga ela sempre dividida Entre compensações e desenganos. Faça-se a carne mais envilecida (...)  Leia mais...

Soneto de carnaval

Distante o meu amor, se me afigura O amor como um patético tormento Pensar nele é morrer de desventura Não pensar é matar meu pensamento. Seu mais doce desejo se (...)  Leia mais...

Soneto de carta e mensagem

"Sim, depois de tanto tempo volto a ti Sinto-me exausta e sou mulher e te amo Dentro de mim há frutos, há aves, há tempestades E apenas em ti há espaço para as consolação (...)  Leia mais...

Soneto de contrição

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto Que o meu peito me dói como em doença E quanto mais me seja a dor intensa Mais cresce na minha alma teu encanto. Como a criança (...)  Leia mais...

Soneto de criação

Deus te fez numa fôrma pequenina De uma argila bem doce e bem morena Deu-te uns olhos minúsculos de china Que parecem ter sempre um olhar de pena. Banhou-te o (...)  Leia mais...

Soneto de despedida

"Uma lua no céu apareceu cheia e branca; foi quando, emocionada A mulher a meu lado estremeceu E se entregou sem que eu dissesse nada"  Leia mais...

Soneto de devoção

Essa mulher que se arremessa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seios Me arrebata e me beija e balbucia Versos, votos de amor e nomes feios. Essa mulher, flor de (...)  Leia mais...

Soneto de Florença

Florença... que serenidade imensa Nos teus campos remotos, de onde surgem Em tons de terracota e de ferrugem Torres, cúpulas, claustros: renascença Das coisas (...)  Leia mais...

Soneto de inspiração

Não te amo como uma criança, nem Como um homem e nem como um mendigo Amo-te como se ama todo o bem Que o grande mal da vida traz consigo. Não é nem pela calma que me vem (...)  Leia mais...

Soneto de intimidade

Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás.
Leia mais...

Soneto de Londres

Que angústia estar sozinho na tristeza E na prece! que angústia estar sozinho Imensamente, na inocência! acesa A noite, em brancas trevas o caminho Da vida, e a (...)  Leia mais...

Soneto de luz e treva

Para a minha Gesse, e para que ilumine sempre a minha noite Ela tem uma graça de pantera No andar bem-comportado de menina. No molejo em que vem sempre se espera (...)  Leia mais...

Soneto de maio

Suavemente Maio se insinua Por entre os véus de Abril, o mês cruel E lava o ar de anil, alegra a rua Alumbra os astros e aproxima o céu. Até a lua, a casta e (...)  Leia mais...

Soneto de Montevidéu

Não te rias de mim, que as minhas lágrimas São água para as flores que plantaste No meu ser infeliz, e isso lhe baste Para querer-te sempre mais e mais. Não te esqueças de (...)  Leia mais...

Soneto de Oxford

Oh, partir pela noite enluarada No puro anseio de chegar lá onde A minha doce e fugitiva amada Na madrugada, trêmula, se esconde... Oh, sentir palpitar em cada (...)  Leia mais...

Soneto de quarta-feira de cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura Em tão doce surpresa conquistada Por seres uma branca criatura De uma brancura de manhã raiada Por seres de uma rara (...)  Leia mais...

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da (...)  Leia mais...

Soneto de um casamento

Na sala de luz lívida, sorriam Sombras imóveis; e outras lacrimosas Perseguiam lembranças dolorosas Na exaltação das flores que morriam. Em vácuos de perfume, (...)  Leia mais...

Soneto de um domingo

Em casa há muita paz por um domingo assim. A mulher dorme, os filhos brincam, a chuva cai... Esqueço de quem sou para sentir-me pai E ouço na sala, num silêncio ermo e sem (...)  Leia mais...

Soneto de véspera

Quando chegares e eu te vir chorando De tanto te esperar, que te direi? E da angústia de amar-te, te esperando Reencontrada, como te amarei? Que beijo teu de (...)  Leia mais...

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliações, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo (...)  Leia mais...

Soneto do amor como um rio

Este infinito amor de um ano faz Que é maior do que o tempo e do que tudo Este amor que é real, e que, contudo Eu já não cria que existisse mais. Este amor que surgiu (...)  Leia mais...

Soneto do amor demais

Não, já não amo mais os passarinhos A quem, triste, contei tanto segredo Nem amo as flores despertadas cedo Pelo vento orvalhado dos caminhos. Não amo mais as sombras do (...)  Leia mais...

Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade Amo-te afim, de um calmo (...)  Leia mais...

Soneto do breve momento

Plumas de ninhos em teus seios; urnas De rubras flores em teu ventre; flores Por todo corpo teu, terso das dores De primaveras loucas e noturnas. Pântanos vegetais em tuas (...)  Leia mais...

Soneto do corifeu

São demais os perigos desta vida Para quem tem paixão, principalmente Quando uma lua surge de repente E se deixa no céu, como esquecida. E se ao luar que atua desvairado Vem se (...)  Leia mais...

Soneto do gato morto

Um gato vivo é qualquer coisa linda Nada existe com mais serenidade Mesmo parado ele caminha ainda As selvas sinuosas da saudade De ter sido feroz. À sua (...)  Leia mais...

Soneto do maior amor

Maior amor nem mais estranho existe Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste E se a vê descontente, dá risada. E que só fica (...)  Leia mais...

Soneto do só

(Parábola de Malte Laurids Brigge) Depois foi só. O amor era mais nada Sentiu-se pobre e triste como Jó Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
Leia mais...

Soneto na morte de José Arthur da Frota Moreira

Cantamos ao nascer o mesmo canto De alegria, de súplica e de horror E a mulher nos surgiu no mesmo encanto Na mesma dúvida e na mesma dor. Criamos toda a sedução, e tanto (...)  Leia mais...

Soneto no sessentenário de Rafael Alberti

A luminosa lágrima que verte Hoje de ti saudosa a tua Espanha Quero bebê-Ia em forma de champanha Na mesma taça em que bebeste, Alberti. E brindaremos para que (...)  Leia mais...

Soneto no Sessentenário de Rubem Braga

Sessenta anos não são sessenta dias Nem sessenta minutos, nem segundos... Não são frações de tempo, são fecundos Zodíacos, em penas e alegrias. São sessenta cometas (...)  Leia mais...

Soneto sentimental à cidade de São Paulo

Ó cidade tão lírica e tão fria! Mercenária, que importa - basta! - importa Que à noite, quando te repousas morta Lenta e cruel te envolve uma agonia Não te amo à luz plácida (...)  Leia mais...

Soneto simples

Chegara enfim o mesmo que partira: a porta aberta e o coração voando ao encontro dos olhos e das mãos. Velhos pássaros, velhas criaturas, algumas cinzas plácidas passando - somente a amiga é como (...)  Leia mais...

Sonoridade

Meus ouvidos pousam na noite dormente como aves calmas Há iluminações no céu se desfazendo... O grilo é um coração pulsando no sono do espaço E as folhas farfalham um murmúrio de (...)  Leia mais...

Sursum

Eu avanço no espaço as mãos crispadas, essas mãos juntas - lembras-te? - que o destino das coisas separou E sinto vir se desenrolando no ar o grande manto luminoso onde os anjos entoam (...)  Leia mais...

Suspensão

Fora de mim, fora de nós, no espaço, no vago A música dolente de uma valsa Em mim, profundamente em mim A música dolente do teu corpo E em tudo, vivendo o momento de todas as (...)  Leia mais...

Tanguinho macabro

- Maricota, sai da chuva Você vai se resfriar! Maricota, sai da chuva Você vai se resfriar! - Não me chamo Maricota Nem me vou arresfriar Sou uma senhora viúva (...)  Leia mais...

Tarde

Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas Meu espírito te sentiu. Ele te sentiu imensamente triste Imensamente sem Deus Na tragédia da carne desfeita. Ele te quis, (...)  Leia mais...

Tatiografia

Em Tati tem Taiti Ilha do amor e do adeus Tem avatá, Havaí! Taubaté, Aloha He... Tem medicina com mascate Pão de açúcar com café Tem Chimborazo, Kantchatca (...)  Leia mais...

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos (...)  Leia mais...

Teu nome

Teu nome, Maria Lúcia Tem qualquer coisa que afaga Como uma lua macia Brilhando à flor de uma vaga. Parece um mar que marulha De manso sobre uma praia Tem o palor que (...)  Leia mais...

Todas as namoradas que eu já tive... (s/ título)

Todas as namoradas que eu já tive Estão noivas Uma só dentre todas não está noiva Casou-se. Nenhuma se lembra mais de mim As que tiveram meus beijos evitam meus olhos As (...)  Leia mais...

Transfiguração da montanha

E uma vez Ele subiu com os apóstolos numa montanha alta E lá se transfigurou diante deles. Uma auréola de luz rodeava-lhe a cabeça Ele tinha nos olhos o paroxismo das coisas doces (...)  Leia mais...

Trecho

Quem foi, perguntou o Celo Que me desobedeceu? Quem foi que entrou no meu reino E em meu ouro remexeu? Quem foi que pulou meu muro E minhas rosas colheu? Quem foi, (...)  Leia mais...

Três respostas em face de Deus

Familles, je vous hais! foyers clos; portes refermées; possessions jalouses du bonheur. A. Gide C'est l'ami ni ardent ni faible. L'ami. Rimbaud …ô Femme, (...)  Leia mais...

Tríptico na morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein

Na morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein I Camarada Eisenstein, muito obrigado Pelos dilemas, e (...)  Leia mais...

Uiaras, na montanha, ao sol,... (s/ título)

Uiaras, na montanha, ao sol, sob a cascata Rutilante, movendo as nádegas de prata Na farta esmeralda do limo, em gelatina Nuas, verdes, nas grandes pedras, na água fina - Povo (...)  Leia mais...

Um beijo

Um minuto o nosso beijo Um só minuto; no entanto Nesse minuto de beijo Quantos segundos de espanto! Quantas mães e esposas loucas Pelo drama de um momento Quantos milhares (...)  Leia mais...

Um dia, como estivesse parado... (s/ título)

Um dia, como estivesse parado à borda de uma montanha ao Sol poente Apascentando a sua poesia diante dos trigais e contemplando as cidades douradas Viu o Príncipe-Poeta a minha sombra precipitada (...)  Leia mais...

Uma mulher no meio do mar

(Sobre um desenho original de Almir Castro) Na praia batida de vento a voz entrecontada chama Dentro da noite amarga a grande lua está contigo e está com ela - pousa o (...)  Leia mais...

Uma música que seja

... como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta (...)  Leia mais...

Valsa à mulher do povo

Oferenda Oh minha amiga da face múltipla Do corpo periódico e geral! Lúdica, efêmera, inconsútil Musa central-ferroviária! Possa esta valsa lenta e súbita
Leia mais...

Valsa do amor de nós dois

Vem ver o mar Vem que Copacabana é linda Vamos ser só nós dois E o que vai ser depois É melhor, é melhor nem pensar Ah, namorar! Os casais nem parecem saber Nos (...)  Leia mais...

Valsa do bordel

Longas piteiras Perfumes no ar Roxas olheiras Em torno do olhar Que brincadeira Fazer profissão Da mais antiga e Mais sem solução Discos franceses (...)  Leia mais...

Variação sobre um soneto de Shakespeare

És como um dia cálido de estio... Azul? Não, és mais linda e mais amena O verão como tudo traz o frio E o verão é inconstante, e tu serena. Tu não trazes o frio, nem a pena (...)  Leia mais...

Variações sobre o tema da essência

(Três movimentos em busca da música) C'est aussi simple qu'une phrase musicale. Rimbaud I Foi no instante em (...)  Leia mais...

Vazio

A noite é como um olhar longo e claro de mulher. Sinto-me só. Em todas as coisas que me rodeiam Há um desconhecimento completo da minha infelicidade. A noite alta me espia pela (...)  Leia mais...

Velha história

Depois de atravessar muitos caminhos Um homem chegou a uma estrada clara e extensa Cheia de calma e luz. O homem caminhou pela estrada afora Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo (...)  Leia mais...

Velhice

Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente Olhando as coisas através de uma filosofia sensata E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite. Nesse dia (...)  Leia mais...

Versos soltos no mar

                    1 O ritmo, mar, o ritmo, o verso, o verso!                     2 Dá ao meu verso, mar, a ligeireza, a graça de teu ritmo renovado. (...)  Leia mais...

Viagem à sombra

Tua casa sozinha - lassidão dos devaneios, dos segredos. Frocos verdes de perfume sobre a malva penumbra (e a tua carne em pianíssimo, grande gata branca de fala moribunda) e o fumo branco da (...)  Leia mais...

Vida e poesia

A lua projetava o seu perfil azul Sobre os velhos arabescos das flores calmas A pequena varanda era como o ninho futuro E as ramadas escorriam gotas que não havia. Na rua (...)  Leia mais...

Vigília

Eu às vezes acordo e olho a noite estrelada E sofro doidamente. A lágrima que brilha nos meus olhos Possui por um segundo a estrela que brilha no céu. Eu sofro no silêncio (...)  Leia mais...

Vinte anos

Pela campina as borboletas se amam ao estrépito das asas. Tudo quietação de folhas. E um sol frio Interiorizando as almas. Mergulhado em mim mesmo, com os olhos errando na campina (...)  Leia mais...

Seções

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