Lamento Sertanejo
Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga e do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga e do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado
Por ser de lá
Na certa, por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão, boiada caminhando à esmo
Na certa, por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão, boiada caminhando à esmo
Sina
Eu venho desde menino
Desde muito pequenino
Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senhor
Não nasci pra ser guerreiro
Nem infeliz estrangeiro
Eu num me entrego ao dinheiro
Só ao olhar do meu amor
Carrego nesse meus ombros
O sinal do Redentor
E tenho nessa parada
Quanto mais feliz eu sou
Eu nasci pra ser vaqueiro
Sou mais feliz brasileiro
Eu num invejo dinheiro
Nem diploma de doutor
Desde muito pequenino
Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senhor
Não nasci pra ser guerreiro
Nem infeliz estrangeiro
Eu num me entrego ao dinheiro
Só ao olhar do meu amor
Carrego nesse meus ombros
O sinal do Redentor
E tenho nessa parada
Quanto mais feliz eu sou
Eu nasci pra ser vaqueiro
Sou mais feliz brasileiro
Eu num invejo dinheiro
Nem diploma de doutor
Patativa do Assaré
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Patativa do Assaré | |
---|---|
Informação geral | |
Nome completo | Antônio Gonçalves da Silva |
Nascimento | 5 de Março de 1909 |
Origem | Assaré, Ceará |
País | Brasil |
Data de morte | 8 de julho de 2002 (93 anos) Assaré, Ceará Brasil |
Gêneros | MPB |
Índice |
Biografia
Uma das principais figuras da música nordestina do século XX. Segundo filho de uma família pobre que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença [2]. Com a morte de seu pai, quando tinha oito anos de idade, passou a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, frequentava a escola local, em qual foi alfabetizado, por apenas alguns meses [3]. A partir dessa época, começou a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebeu o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave.Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da Rádio Araripe, declamando seus poemas. Numa destas ocasiões é ouvido por José Arraes de Alencar que, convencido de seu potencial, lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, de 1956.
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em 1967, passando a se chamar Cantos do Patativa [2]. Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu.
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia, veemência, hesitação, etc.). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta").
Obras
Livros de poesia
- Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa (1967);
- Cante Lá que Eu Canto Cá (1978);
- Ispinho e Fulô (2005) (1988);
- Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. com Geraldo Gonçalves de Alencar) (1991);
- Cordéis (caixa com 13 folhetos) (1993);
- Aqui Tem Coisa (2004) (1994);
- Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré (Org. Sylvie Debs) (2000);
- Digo e Não Peço Segredo (Org. Guirlanda de Castro e Danielli de Bernardi) (2001);
- Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. Geraldo Gonçalves de Alencar) (2001);
- Ao pé da mesa (co-autoria com Geraldo Gonçalves de Alencar) (2001);
- Antologia Poética (Org. Gilmar de Carvalho) (2002);
- Cordéis e Outros Poemas (Org. Gilmar de Carvalho) (2008).
Poemas
- A Triste Partida [4];
- Cante Lá que eu Canto Cá;
- Coisas do Rio de Janeiro;[5]
- Meu Protesto;
- Mote/Glosas;
- Peixe;
- O Poeta da Roça [6];
- Apelo dum Agricultor;
- Se Existe Inferno;
- Vaca estrela e Boi Fubá;
- Você se Lembra?;
- Vou Vorá;
- Caboclo Roceiro [7].
Caboclo Roceiro, das plaga do Norte Que vive sem sorte, sem terra e sem lar, A tua desdita é tristonho que canto, Se escuto o meu pranto me ponho a chorar..... Tu és meu amigo, tu és meu irmão. |
— '''Caboclo Roceiro, Patativa do Assaré
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LPs
- Em 1979, Patativa do Assaré se apresentou no Teatro José de Alencar sob a produção artística do amigo Raimundo Fagner. De posse de um gravador, Fagner editou o show e a CBS lançou o LP "Poemas e Canções".
Títulos e prêmios
- 1979 - Homenageado pela programação cultural do encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, em Fortaleza;
- 1982 - Recebe o diploma de “Amigo da Cultura”, outorgado pela Secretaria da Cultura do Estado, pela “decidida atuação a favor do aprimoramento cultural do Ceará”;
- 1982 - Cidadão de Fortaleza, título aprovado pela Câmara Municipal;
- 1987 - Recebe a “Medalha da Abolição”, pelos “relevantes serviços prestados ao Estado”;
- 1989 - Cariri Ceará - Doutor Honoris Causa pela Universidade Regional de Cariri;
- 1989 - Inauguração da rodovia “Patativa do Assaré”, com 17 km, ligando Assaré a Antonina do Norte
- 1991 - Enredo da Escola Acadêmicos do Samba, de Fortaleza;
- 1995 - Fortaleza, Ceará - Prêmio do Ministério da Cultura na categoria Cultura Popular entregue pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso no Teatro José de Alencar;
- 1998 - Recebe, dia 22 de maio, a “Medalha Francisco Gonçalves de Aguiar”, do Governo do Estado do Ceará, outorgada pela Secretaria de Recursos Hídricos;
- 1999 - Assaré, Ceará - Inauguração do Memorial Patativa do Assaré;
- 1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Ceará - UECE;
- 1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará - UFC;
- 1999 - Prêmio Unipaz, VII Congresso Holístico Brasileiro, Fortaleza, dia 20 de outubro;
- 2000 - Na festa dos 91 anos, recebe o título de Cidadão do Rio Grande do Norte;
- 2000 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Tiradentes, de Sergipe;
- 2001 - Terceiro colocado na eleição do “Cearense do Século”, promovido pelo Sistema Verdes Mares de Comunicação (o vencedor foi Padre Cícero);
- 2001 - Recebe o troféu “Sereia de Ouro”, do Grupo Edson Queiroz, no Memorial Patativa do Assaré, dia 28 de setembro;
- 2002 - Prêmio FIEC, "Artista do Turismo Cearense", Fortaleza;
- 2003 - Prêmio UniPaz, V Congresso Holístico de Crianças e Jovens, Fortaleza;
- 2005 - Inauguração da "Biblioteca Pública Patativa do Assaré", Piauí;
- 2004 - Título EFESO "Cidadão Empreendedor"(Escola de Formação de Empreendedores Sociais);
- 2004 - Troféu MST (Homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra);
- 2005 - Homenageado com Medalha Ambientalista Joaquim Feitosa;
- 2005 - Inauguração da Biblioteca Municipal Patativa do Assaré, Vila Nova, Piauí;
- 2005 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade (?), Mossoró, Rio Grande do Norte.
Representações na cultura
A vida do poeta foi retratada em "Concerto de Ispinho e Fulô", da Cia. do Tijolo,[8] peça que deu a William Guedes o Prêmio Shell de Teatro em 2009 na categoria de melhor música.[9] A mesma companhia também retratou o poeta na peça "Cante Lá que Eu Canto Cá!".[10]Referências
- ↑ Sua Pesquisa.com. Patativa do Assaré, biografia, obras, poemas, repentes, literatura de cordel e outras informações sobre sua vida. Página visitada em 25 de agosto de 2010.
- ↑ a b Tanto Literatura. Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré. Página visitada em 17 de outubro de 2010.
- ↑ Jornal de Poesia. Patativa do Assaré, Sinopse biográfica. Página visitada em 17 de outubro de 2010.
- ↑ Patativa doe Assaré. Triste Partida, Patattiva de Assaré. Studio Sol. Página visitada em 24 de novembro de 2010.
- ↑ Patativa do Assaré, Biografia. InfoEscola (10 de feverrio de 2009). Página visitada em 28 de junho de 2012.
- ↑ Patativa do Assaré. O Poeta da roça. Studio Sol. Página visitada em 24 de novembro de 2010.
- ↑ Patativa do Assaré. Caboclo Roceiro. Página visitada em 24 de novembro de 2010.
- ↑ VejaSP - Concerto de Ispinho e Fulô
- ↑ Folha.com - Fernanda Montenegro vence Prêmio Shell de melhor atriz
- ↑ Programação Sescsp
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