domingo, 12 de janeiro de 2014

Outra de Camões.

Não Pode Tirar-me as Esperanças  

Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor 
um mal, 
que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, 
que nasce não sei onde;
Vem não sei como; 
e dói não sei porquê.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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