Oi, meu nome é André Abujamra, estou
aqui de pijama na frente do meu computador. Na verdade é mentira, eu
estou de cueca, falei pijama pra rimar com Abujamra. Se bem que nem rima
é, mas meu primeiro nome é André.
Meu pai pra mim é gênio e pra ele também sou. Ele é caçula de uma família de doze eu sou caçula dele, então não conheci meu avô.
Que
coisa maluca eu falar de mim, mas com essa moda de reality show,
resolvi me exibir. Sou grandão, tenho mais de 100 quilos, um metro e
oitenta e seis, olhos azuis, sou casado com minha mulher. Quem casou a
gente foi nosso Pai Dessemi no nosso Ilê de Candomblé. Por falar nisso,
ela, a Dani, está dormindo lá no quarto e na sua barriga tem nosso nenê.
Será que é Catarina ou Pedro? Isso daqui a pouco a gente vai saber.
Como eu amo minha família, meu Deus, e quanto! Eu não durmo aqui na
frente do mundo virtual, pegando música da China e da América Central,
de Cuba, Argélia e Senegal, da República Dominicana, da Espanha, do
Equador, do Egito, da Rússia e do Afeganistão. Não me prendam não, eu
não roubo música da Madonna nem do Mettalica, meu irmão.
A minha alma
fala que alma não tem cor e isso eu acho mesmo e vou morrer achando.
Gosto de rap, de bolero e sushi e nem vem falar mal de mim, aliás pode
falar, já estou me acostumando. Eu não gosto desse papo que eu sou lado
B. Eu sou normal porra! Resumidamente eu nasci e fui pra escolinha da
Tia Olga estudar iniciação musical, veja bem meu amigo, não confunda com
o puteiro da Tia Olga que ficava lá na Consolação. Será que ainda
existe? Hummm, não sei não.
Eu comecei a estudar piano e não
conseguia tocar as partituras por que eu gostava de criar minhas
próprias músicas. Daí um dia eu estava na prova de piano e a Tia Olga
pediu pra eu tocar uma musiquinha, e é claro eu não tinha estudado, daí
falei pra ela que tinha feito uma composição para os meus pais. A música
se chamava Antobela, por que meu pai chama Antônio e minha mãe se chama
Bela (ela é bela mesmo). Daí, toquei e todo mundo se emocionou. Eu
fiquei feliz e daí por diante eu descobri ou estou descobrindo que a
minha onda é fazer música que vem da minha cabeça. Tenho um irmão mais
velho que se chama Alexandre. Me fazia acreditar que ele era o Chefe do
Super Dínamo. Aí eu falava pra ele que eu via o desenho e ele não podia
ser o chefe do Super Dínamo, por que se ele fosse, como poderia estar lá
na escola Caetano de Campos todo dia? Daí ele me convenceu que o
desenho era Japonês e quando a gente estava dormindo ele voava até o
Japão, por que lá é dia quando aqui é noite. Então ele me convenceu.
Depois
de morar no mesmo prédio da Tia Zilda e do Tio Michel, (nossa como eu
amo eles também), fomos para a Rua Dr. Veiga Filho, 350, apartamento 3.
Hoje não existe mais, virou um prédião.
Jogava bola e ia com o seu
Joaquim de perua para escola. Tive uma infância legal, ia até pro
acampamento dos Pumas, por falar nisso, eu fui garoto Puma em julho de
80 e janeiro de 81 e foi lá que conheci meu grande amigo que hoje é um
grande artista. Ele é o Paulo de Araújo que as pessoas conhecem como
Paulinho Moska. E agora mudou! É só é Moska. A gente se conheceu na sala
de vidro e já sabia que nosso negócio era o palco. Daí virei
adolescente. Coitado dos meus pais. Fui estudar em Kingfisher, Oklahoma,
uma cidade tão pequena que não dá pra ver no mapa e o problema é que eu
não sabia falar inglês, e tive que aprender na marra, o que foi bom.
Joguei basebol, futebol americano, toquei na banda, aprendi muita coisa
bacana. Descobri que o ser humano é igual realmente em toda a parte do
mundo, todo mundo chora, reza, briga, brinca na sua própria língua. Ufa!
Voltei pro Brasil e fui estudar no cursinho pra entrar na faculdade e
agora o que é que eu vou fazer? Fiz vestibular de Desenho Industrial, de
Jornalismo, de Rádio e TV e é claro, de Composição. Entrei na faculdade
de música, na FAAM. Como eu lembro da Marília Pin, minha diretora e
professora. E logo que entrei montei uma banda chamada Muscad Xalote eu e
chamei um maluco com cabelo pintado que conheci num curso de percussão
africana que tocava um sax, era bem bacana. O nome dele é Maurício
Pereira meu Soul Brother. Daí a banda acabou e montamos os Mulheres
Negras, a terceira menor Big Band do Mundo, e junto com o Aguinaldo
Rocca fizemos muitos shows.
Um belo dia, vem um cara com a barba
branca ver um show numa biblioteca na Vila Mariana. Tinha cinco
criancinhas e ele na platéia. Era o Peninha Shimith que descobriu nossa
grande banda de dois. Deixa eu respirar um pouquinho...
Daí a banda
acabou e eu entrei num grupo de teatro Boi Voador. Levei junto comigo o
meu grande amigo parceiro de vida de riso e de dor, o grande Teo
Werneck. E eu conheci um templo lindo chamado Karnak. Voltei, montei uma
banda gigante com doze homens, dois atores e um cachorro. A banda fez
sucesso fora do Brasil. Fez um pouquinho no Brasil também. Gravou três
CDs e amizade e o amor foi quem restou. E isso vale mais que qualquer
coisa, porque pra mim a única coisa real é o amor.
Kuki, Hugo, Bowie,
Lulu, Cabello, Bartolo, Carneiro, Geton, James, Macedo, Tiquinho, Kwa,
Alemão, fora essa turma, muita gente também tocou e agradeço todos com
muito amor.
Depois de 10 anos, o Karnak acabou e eu inventei o Fat
Marley. Um DJ maluco que eu não falava que era eu. Aí no primeiro show
não foi ninguém e então eu falei que o Fat Marley era eu.
Daí
melhorou um pouquinho e foram seis pessoas no segundo show. Fora meu
trabalho de música pop eu faço trilha de cinema no Brasil. Já fiz mais
de vinte longas e gosto de cinema. Eu acho que estou falando demais, eu
terei que parar porque o CD vai acabar. Ele já está escondido, se você
achou, achou! Se você não achou, não acha mais. Antes de ir quero falar
do meu amor pelo meu filho, José. Ele me ensina que os pais são filhos
dos filhos e os filhos são pais dos pais. Beijos pro Joca e pra mãe do
meu filho, a Anna também.
Esse é meu curriculum que já está no final.
Você já me conheceu, eu tenho que acabar senão o CD vai explodir. Claro
que tem milhões de amigos que não foram citados aqui, mas que moram
dentro de mim. Minha religião é o candomblé e meus irmãos de santo sabem
que 100% não existe e que ninguém é somente triste. Eu dedico esse CD
para meu novo nenê, o Pedro, e pra minha mulher Danielle e também pra
minha família carnal e espiritual.
E sempre lembrando que o infinito é o amor.
Ele nunca acaba por que nunca começou.
Tchau! Arrivederci! Bye Bye!
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