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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

CAMÕES LÍRICO - O LIRISMO DE CAMÕES

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades 

(O DESCONCERTO DO MUNDO)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

EU - FLORBELA ESPANCA - LIVRO DE MÁGOAS

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar...

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

A poesia está guardada nas palavras

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros, In Tratado geral das grandezas do ínfimo,
Ed. Record, 2001

Acalanto Elomar Figueira Melo



Certa vez ouvi contar
Que muito longe daqui
Bem pra lá do são francisco, ainda pra lá...
Em um castelo encantado,
Morava um triste rei
E uma linda princezinha,
Sempre a sonhar...

Ela sempre demorava
Na janela do castelo
Todo dia à tardezinha, a sonhar...
Bem pra lá do seu castelo,
Muito além, ainda mais belo,
Havia outro reinado,
De um outro rei.

Certo dia a princesinha,
Que vivia a sonhar
Saiu andando sozinha,
Ao luar...

E o castelo encantado
Foi ficando inda prá lá
Caminhando e caminhando,
Sem encontrar.

Contam que essa princezinha
Não parou de caminhar,
E o rei endoideceu,
E na janela do castelo morreu,
Vendo coisas ao luar.

Vila do Sossego Zé Ramalho




Oh, eu não sei se eram os antigos que diziam
Em seus papiros Papillon já me dizia
Que nas torturas toda carne se trai
Que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente
Displicentemente o nervo se contrai
Oh, com precisão

Nos aviões que vomitavam pára-quedas
Nas casamatas, casas vivas, caso morras
E nos delírios meus grilos temer
O casamento, o rompimento, o sacramento, o documento
Como um passatempo quero mais te ver
Oh, com aflição

Meu treponema não é pálido nem viscoso
Os meus gametas se agrupam no meu som
E as querubinas meninas rever
Um compromisso submisso, rebuliço no cortiço
Chame o Padre "Ciço" para me benzer
Oh, com devoção

REAL LIFE

Vida Real - RPM

Se você pudesse me dizer
Se você soubesse o que fazer
O que você faria
Aonde iria chegar?

Se você soubesse quem você é
Até onde vai a sua fé
O que você faria?
Pagaria pra ver

Se pudesse eu te levaria
Até onde você quer chegar
Brilho das estrelas
O primeiro lugar

O mundo é perigoso
E cheio de armadilhas
De mistério e gozo
Verdades e mentiras

Viver é quase um jogo
Um mergulho no infinito
Se souber brincar com fogo
Não há nada mais bonito

Se pudesse escolher
Entre o bem e o mal, ser ou não ser?
Se querer é poder
Tem que ir até o final
Se quiser vencer

domingo, 9 de outubro de 2016

Baião de Rua

Baião de Rua


Olho de menino da cidade
Não demora sabe vadiar
Carro, geladeira, liberdade
Tudo chora pelo seu olhar

É um menino nu
Que brotou do chão
Perto do sinal
Perdeu a luz, pedindo pão

Quando a lua branca
Vai subindo aos pedaços sobre a construção
Eu fico sonhando em teus braços
E adormeço na televisão

Fica tudo azul
Quando a noite cai
Onde a vida vai
Até nascer o sol

Somos um, somos dois, somos três
No asfalto, somos quatro
Contra cinco
Somos sete, canivetes

Um biscoito pra nós oito
E um bilhão pro barão
Ô baião
do Brasil baião

Um anum, dois arroz
Três pedrez, pau no gato
Pé de pato, pé de pinto
Um pivete e sua gilete

Não tem bola, quero cola
Ô baião
do Brasil baião
Sabiá já voou, sumiu

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

CASO DE POLISSEMIA

Regime político, na ciência política, é o nome que se dá ao conjunto de instituições políticas por meio das quais um estado se organiza de maneira a exercer o seu poder sobre a sociedade. Cabe notar que esta definição é válida mesmo que o governo seja considerado ilegítimo.
Tais instituições políticas têm por objectivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exercício, inclusive o relacionamento entre aqueles que detêm o poder político (autoridade) e os demais membros da sociedade (administrados).
O regime político adotado por um Estado não deve ser confundido com a sua forma de Estado (Estado unitário ou federal) ou com o seu sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo, dentre outros).
Outra medida de cautela a ser observada ao estudar-se o assunto é ter presente o fato de que é complicado categorizar as formas de governo. Cada sociedade é única em muitos aspectos e funciona segundo estruturas de poder e sociais específicas. Assim, alguns estudiosos afirmam que existem tantas formas de governo quanto há sociedades.

Regimes políticos antigos

Regimes políticos contemporâneos

São, em geral, classificados em:[carece de fontes]

Democracia

Os regimes políticos democráticos se caracterizam por eleições livres, liberdade de imprensa, respeito aos direitos civis constitucionais, garantias para a oposição e liberdade de organização e expressão do pensamento político.

Autoritarismo

Os regimes políticos autoritários, como os que existiram na América Latina nos anos 1960/1970, operavam através da suspensão das garantias individuais e das garantias políticas. No regime político autoritário as normas constitucionais são manipuladas ou reeditadas conforme os interesses do grupo ou partido que detêm o poder.

Totalitarismo

Os regimes políticos totalitaristas diferem fundamentalmente dos dois regimes citados. No totalitarismo, o regime político está concentrado em uma pessoa que representa a figura de um “Führer” (comandante supremo). Nos regimes políticos totalitários não há nenhuma instituição política que possa representar qualquer vestígio de democracia. Tais regimes ocorreram entre os anos 1920/1945 na forma de fascismo na Itália e Espanha, nazismo na Alemanha e estalinismo na União Soviética.

 POLISSEMIA
regime
substantivo masculino
  1. 1.
    ação ou maneira de reger, de governar.
  2. 2.
    conjunto de regras ou de disposições legais; regimento.
    "r. jurídico"
     
     

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