sábado, 17 de janeiro de 2015

Mais Um Barco - VANDER LEE - por Alcione



Meu amor, nosso amor
Naufragou no poço do egoísmo
Nosso amor caiu no abismo
Era de vidro e se quebrou
Se espalhou
Sob as pedras frias do ciúme
Como um frasco de perfume que era pouco e se acabou
Evaporou
Em um milhão de coisas pequeninas
Pouca paz muita rotina
Pouco gozo muita dor
Se transformou
Num turbilhão de falas tão mesquinhas
Falhas suas pragas minhas
Mil coisinhas e algum amor
O nosso amor
Naufragou nas águas desse rio
Nosso amor teve um desvio
No seu curso e já secou
Ou se queimou
Nos mares ardentes da paixão
No cais da desilusão
Mais um barco ancorou

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Arco da Aliança Alice Caymmi


Lua que clareia
Lua de candeia
Lua de encandear
Arco da aliança
que abre a roda dança
Dança de alumiar
Luz de maravilha
Que ciranda ilha
Que é de Itamaracá
No cordel de Lia
Quem roda poesia
É um braço de mar
Chão de praia
Ciranda
Pé na areia
Ciranda
Tira a saia
Ciranda
Lua cheia
Ciranda
Anda que a Lua vem de Luanda
Anda que a Lua vai pra Aruanda

Denise Emmer


Quando o sol de novo vir nascendo lentamente
Crescendo entre as colinas igual a uma semente
Fruto doce da manhã transformando em dia
Esse fim da noite quieta, calma e um pouco fria
Enquanto o sol correr de um a outro horizonte
Enriquecendo a Terra e solvendo a água pra fonte
Que foi nuvem, chuva, céu, rio, correnteza
Adubando o chão, brotando a vida, natureza
Quando o sol nascer que acordem homens melhorados
Sem rancor, cobiça, preconceitos ou pecados
E na hora que o sol se pôr dormirem em paz
Sabendo o que o dia não foi só um dia a mais

Lavadeiras do quintal
Lavem as almas cansadas
Lavem as almas pregadas em silêncio no varal
Lavem meu coração em sangue
Limpem as gotas do mangue
A lama do litoral
Lavadeiras
Lavem as manchas do mundo
Tirando velhos disfarces
E clareando seu fundo
Lavadeiras do quintal
Lavem minh'alma com mel
Me deixem secar o pranto
Dependurada no céu
Oh lavadeiras do espaço
Se esta canção que faço
Lavar a tua tristeza
Eu também vou me sentar a mesma mesa
Comer o mesmo bocado
Beber a mesma pobreza

Minha lua, navega serena
Vai de Ipanema, ao céu do Irã
Para ela, a moda não é tudo
A guerra não duvida o dia de amanhã
Minha lua, corre apaixonada
E a passarada, segue teu corcel
Ó lua, ó nua rainha
Ó a lua é minha, é de quem quiser
Oh a lua, a lua é das princesas
E com mais certeza será dos garis
Dos cantores, dos trabalhadores
Será dos autores, quando a noite cair
E será também dos prisioneiros
Será dos canteiros e do chafariz
Oh lua, lua é da cidade
Da humanidade, e de quem quiser


Denise Emmer Dias Gomes Gerhardt (Rio de Janeiro, 18 de Junho de 1958)1 mais conhecida como Denise Emmer, é uma poeta, compositora, cantora, violoncelista e escritora brasileira.
Filha dos escritores Janete Clair e Dias Gomes, tornou-se primeiramente conhecida por temas musicais compostos para personagens das telenovelas,tais como "Pelas muralhas da adolescência", Bandeira 2, e "Alouette", Pai Herói, "Companheiros",Sinhá Moça,entre outros, alcançando depois, reconhecimento pela sua vasta e premiada produção poética.
É violoncelista da Orquestra Rio Camerata.2Denise começou a compor aos 10 anos, e ainda no colégio fazia composições em português arcaico, como Galvan el gran cavalero e Aquestas mañanas frias.
Estudou piano clássico e formou-se em física. É pós graduada em filosofia ( especialização-lato-sensu) pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Graduou-se também em violoncelo pelo Conservatório Brasileiro de Música(bacharelado), sob a orientação do violoncelista Paulo Santoro.
Na década de 1970, compôs vários temas para telenovelas da Rede Globo, como "Pelas muralhas da adolescência"3 (para Bandeira 2); "Tema verde"3 (para Assim na Terra como no Céu); "O amor contra o tempo" e "Montanhês" (para Bravo!); "Pedra de ouro" (para O Pulo do Gato) e "Alouette" (para Pai Herói).
O compacto simples "Alouette", lançado em 1980 (um ano depois da novela), vendeu mais de 300 mil cópias, o que rendeu a Denise o Disco de Ouro e o reconhecimento público, participando de vários programas de televisão, como o Fantástico. Essa canção seria incluída posteriormente na coletânea Belle France, da Globodisc, além de uma versão instrumental no compacto duplo que incluía "Chocolat", "Jardineiro" e "Sândalus", todas de Denise e com solo de flauta doce da própria compositora.
Na década de 1980, foi assistente de Waltel Blanco na produção de trilhas sonoras de novelas e seriados, como O Bem-Amado e Quarta nobre.
O primeiro long playing veio em 1980, Pelos Caminhos da América, que continha composições suas ("Lavadeiras", "Boiadeiros do céu", "Garganta", etc.), de Milton Nascimento ("Minha cidade suja", sobre poema de Ferreira Gullar) e outras. O disco tinha arranjos do Grupo Água, com quem Denise se apresentou em show no Parque Laje, no Rio de Janeiro.
Em 1981 veio o LP Toda Cidade É um Pássaro, em que atuou como cantora e instrumentista. As canções eram todas suas. Em 1983 gravou o LP Canto Lunar, também só com canções suas. A canção-título seria, anos depois, gravada pelo grupo Tarancón.
Ainda na década de 1980, participou da trilha sonora de outras telenovelas da Globo: "Lavadeiras" foi para Coração Alado, de Janete Clair; "Cavaleiro do Rio Seco" foi para Voltei pra Você, de Benedito Ruy Barbosa; e "Companheiro" foi para Sinhá Moça, também de Benedito.
O LP Cantiga do Verso Avesso veio em 1992 e também era todo de canções próprias, algumas sobre poemas conhecidos, como "Soneto do amor nascendo" (Pedro Lyra), "Canção" (Ivan Junqueira), "Poema do cego, da noite e do mar" (Moacyr Félix). A canção "Cavaleiro do Rio Seco" foi homenagem ao compositor Elomar. O disco teve participação de Jacques Morelenbaum.
Em 1994, criou o grupo Trovarte, em que cantava acompanhada pelo violão de Beto Resende, a viola de Ivan Sérgio Niremberg e o violino de Ludmila Plitek. O grupo se apresentou na Academia Brasileira de Letras e na Casa de Cultura Estácio de Sá, entre outros palcos.
O CD Cinco Movimentos e um Soneto (1995) foi todo com poemas de Ivan Junqueira musicados por Denise, também com participação de Jacques Morelembaum em algumas faixas.
Ainda musicando poemas consagrados, Denise gravou, em 2004, o CD Mapa das Horas, no qual cantou e tocou violoncelo. O repertório inclui poemas de João Ruiz de Castelo-Blanco ("Partindo-se"), do século 15, Diogo Brandão ("Pois tanto Gosto Levais"), do século 16, e de autor desconhecido do século 15 ("Cantiga da Ribeirinha"). Os arranjos, de estilo medieval, tinham instrumentos como viola de gamba, alaúde, oboé, organeto medieval, etc. O disco foi lançado em show na Academia Brasileira de Letras.
Desde 2001 é violoncelista da Orquestra Rio Camerata como lider de naipe e do Quarteto de Cordas Legatto.

Carreira Literária

O primeiro livro de poesia "Geração Estrela" publicou precocemente, na adolescência, pela Ed. Paz e Terra,(1975). Coletânea essa organizada pelo poeta Moacyr Félix. Mas, foi nos anos oitenta que sua produção se destacou, e seguiram-se as demais coletâneas de poesia : "Flor do Milênio "Ed.Civilização Brasileira, "Canções de Acender a Noite", Ed Civilização Brasileira, "Equação da Noite" Ed Philobliblion, "Ponto Zero" Ed Globo, "O Inventor de Enigmas" Ed. José Olympio.
As excelentes críticas recebidas, tais como a do poeta, tradutor e acadêmico Ivan Junqueira (Folha de São Paulo) na qual afirma ser Denise "um dos maiores poetas de sua geração" e da romancista Rachel de Queiróz em prefácio de "Teatro dos Elementos"(1993), onde diz que "Ela pega das palavras seus elementos poéticos e faz deles um uso extremamente pessoal, inventa, recria, redistribui, suscita imagens absurdamente inesperadas e mágicas"...] e, sobretudo os prêmios recebidos de "Melhor Poeta Jovem" da UBE, e "José Marti"(Casa Cuba Brasil), deram a poeta incentivo para prosseguir sua fertil produção.
Na década de noventa publicou " Invenção para uma Velha Musa" Ed. José Olympio ( Prêmio APCA e Prêmio Olavo Bilac da ABL), "Teatro dos Elementos&Outros Poemas" e "Cantares de Amor e Abismo" Ed 7letras. As críticas e prefácios de nomes de relevância intelectual como Olga Savary, Nelson Werneck Sodré, Pedro Lyra, Alexei Bueno,entre outros, foram de grande importância para a sua carreira, e Denise voltou-se então para o romance publicando então dois títulos : "O Insólito Festim" Ed. Nova Fronteira(Prêmio Nacional de Literatura do PEN Club do Brasil), e " O Violoncelo Verde" Ed. Civilização Brasileira.
Após um hiato de mais de dez anos, quando dedicou-se ao estudo do violoncelo, publicou "Poesia Reunida" Ediouro,2002, "Memórias da Montanha", Ediouro,2006 e recentemente "Lampadário", Ed7Letras,2008, que recebeu o "Prêmio Cecília Meireles de Poesia" (da União Brasileira de Escritores). Além de participar de antologias poéticas como "41 Poetas do Rio",(Ministério da Cultura - organização Moacyr Félix-1998),"Antologia da Nova Poesia Brasileira" (Ed.Hipocampo/Fundação Rio Arte/Prefeitura do Rio de Janeiro-1992) "POESIA SEMPRE" (-ano -I- NÚMERO 2 -Fundação Biblioteca Nacional - 1993) e periódicos tais como : "Jornal de Letras", entre outros, teve recentemente seus poemas publicados na "Revista Brasileira" da Academia Brasileira de Letras n.56, em setembro de 2008.
Seu mais recente livro Lampadário acaba de obter o Prêmio ABL de Poesia 2009.

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